À entrada para o Conselho Nacional do PSD, Rio escusou-se a comentar a anunciada candidatura do eurodeputado Paulo Rangel e a adiantar se ele próprio será recandidato.
“Hoje, ouvi um conjunto de ataques, alguns de caráter pouco nobre só porque fiz uma sugestão, lamento que o partido tenha chegado a este estado, em que depois de umas eleições em que averbamos uma vitória política, no espaço de 15 dias já estejam a tentar destruir tudo o que partido conseguiu”, criticou.
Dizendo não se estar a referir em concreto a Paulo Rangel, o presidente do PSD falou mesmo de “assalto ao poder daqueles que põem o seu interesse pessoal à frente do interesse do país”.
Por isso, anunciou, já deu entrada na mesa do Conselho Nacional uma proposta formal da Comissão Permanente para se adie a votação do calendário interno no partido para depois da votação do Orçamento do Estado.
“Temos de clarificar e espero que a maioria do Conselho nacional tenha bom senso e coloque o interesse do PSD á frente e pondere bem a responsabilidade bem que é o chumbo desta proposta”, apelou.
Questionado sobre a sua decisão de ser ou não recandidato à liderança do PSD, Rio recusou que exista qualquer tabu.
“Hoje há um Conselho Nacional que vai decidir sobre diretas, a partir de amanhã é que está aberto ou não o processo eleitoral”, disse.
Rio reiterou que o país pode estar “na iminência de uma crise política grave” e legislativas antecipadas e considerou que “qualquer português entende” que o PSD “não pode estar numa disputa interna” e, ao mesmo tempo, preparar-se para eleições, apresentar um programa e listas de candidatos a deputados.
“Só por eu fazer uma sugestão fizeram uma guerra que eu não entendo, só entendo porque, como se está a ver que o PSD está a subir e até pode ganhar legislativas, há um assalto ao poder (…) dos que parece que perderam o sentido das coisas e, de repente, estão meio loucos”, criticou.
Rio salientou que “há mais marés que marinheiros” e haverá sempre eleições internas no PSD, mais cedo ou mais tarde, e que o seu mandato dura até fevereiro.
Questionado se tem legitimidade para ser candidato às legislativas sem haver diretas antes, Rio respondeu com alguma irritação: “Acha que essa pergunta faz sentido? Então eu não fui eleito?”, respondeu.
Rio chegou ao Conselho Nacional com elementos da sua direção, como o vice-presidente Salvador Malheiro ou o secretário-geral José Silvano.
Na quarta-feira à noite, Rui Rio apelou ao Conselho Nacional, que já está reunido hoje em Lisboa, que não marque hoje as diretas e o Congresso - como estava previsto e com uma proposta de calendário enviada horas antes pela própria direção - e só o faça depois de se esclarecer se o próximo Orçamento do Estado é ou não aprovado.
A proposta da direção enviada aos conselheiros a meio da tarde de quarta-feira previa diretas em 4 de dezembro (com segunda volta eventualmente dia 11) e congresso entre 14 e 16 de janeiro, com uma segunda hipótese de diretas em 8 de janeiro e congresso entre 4 e 6 de fevereiro.
No entanto, agora deverá ser votada inicialmente a proposta para que o Conselho Nacional decida se vota já hoje o calendário eleitoral ou, se como defende Rio, adia esse debate para depois da votação do Orçamento.
(Notícia atualizada das 22:10)
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