“O Presidente, porque é uma pessoa que onde vai, sabe estar, vai lá e traz mais-valias (…) Não tenho dúvidas”, disse, em entrevista à Lusa, o fundador do grupo Nabeiro, que detém a marca Delta, em Portugal, e a Angonabeiro, em Angola.
Com negócios em Angola desde o período anterior à independência, e que ainda hoje se mantêm, Rui Nabeiro não se alonga em comentários sobre as relações entre Portugal e Angola. Contudo, disse ter boas perspetivas face à visita do Presidente português, que além de Luanda passará pelas províncias de Benguela e da Huíla.
“Penso que hoje as relações estão melhores, mas isso os políticos é que sabem. Eu sou um político muito tranquilo, porque por mim estava tudo bem. Mas no mundo da política, às vezes, com razão, mas às vezes também com emoção, as coisas não são como nós queremos”, refere, cauteloso.
Porém, aposta que “as coisas vão correr de forma normalíssima”, até porque, diz, Angola e Portugal têm a mesma língua, além de cultura e hábitos semelhantes.
“É uma missão para o nosso Presidente”, conclui, admitindo que tem uma boa perspetiva relativamente à visita e já depois de o primeiro-ministro António Costa ter descerrado, em setembro, uma placa na unidade da Angonabeiro em Cacuaco, arredores de Luanda.
A visita de António Costa a Luanda representou, então, o normalizar das relações entre os dois países após o processo em Portugal envolvendo Manuel Vicente, ex-vice-presidente da República.
O empresário, com 86 anos, já antes da independência comprava café em Angola. Poucos meses após a independência, proclamada em 1975, Rui Nabeiro partiu para o mercado angolano para comprar milhares de sacos de café e vender em Portugal e em Espanha, tendo adquirido, anos mais tarde, uma unidade de cafés solúveis no Cacuaco, onde atualmente produz o “Café Ginga”, marca angolana.
De acordo com informação disponibilizada anteriormente pela empresa do grupo português Delta, a Angonabeiro presta um “apoio permanente” aos produtores de café do país e garante a “compra de toda a sua produção”, negócio do qual dependem hoje “mais de 20.000 famílias”.
Angola já foi o quarto maior produtor mundial de café, com 200 mil toneladas anuais, antes de 1975. Essa produção está hoje reduzida a menos de 5%, fruto do abandono do cultivo durante a guerra civil angolana que se seguiu à independência.
As empresas do setor estimam que o país produz atualmente cerca de 3.000 toneladas de café – embora números oficiais apontem para 15.000 – e só a Angonabeiro comprou em 2014, a cerca de 20.000 produtores de várias províncias angolanas, 800 toneladas, o maior registo até então. No ano anterior conseguiu adquirir 600 toneladas e em 2012 apenas 500.
O Presidente português chega a Luanda na terça-feira para uma visita de quatro dias a Angola, onde irá estar na capital e nas províncias de Benguela e Huíla.
Marcelo Rebelo de Sousa estará acompanhado pelos ministros dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, Adjunto e da Economia, Pedro Siza Vieira, e da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Luís Capoulas Santos, bem como pela secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Teresa Ribeiro, e por uma delegação parlamentar.
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