A agulha do relógio do Boletim de Cientistas Atómicos (BAC) nunca esteve tão próxima da meia noite desde 1953, em plena Guerra fria e quando os Estados Unidos e a ex-União Soviética testavam a bomba de hidrogénio.
“Seguramente, o ano de 2017 nunca foi tão perigoso e caótico… com declarações irresponsáveis no domínio nuclear que inflamaram situações já perigosas”, indicou hoje aos ‘media’ Rachel Bronson, presidente e editora do BAC que ajusta em cada ano a hora deste relógio simbólico.
“A questão nuclear regressou ao centro das preocupações”, acrescentou, ao referir os ensaios nucleares da Coreia do Norte, um crescente empenhamento da China, Paquistão e Índia face aos seus arsenais nucleares e a “imprevisibilidade” dos ‘tweets’ e das declarações do chefe da Casa Branca, Donald Trump.
“Em 2017, os dirigentes mundiais não conseguiram responder eficazmente às crescentes ameaças de guerra nuclear e às alterações climáticas que tornam o mundo mais perigoso, como nunca o foi desde a Segunda Guerra Mundial”, escreve este grupo de intelectuais que representam as ciências, relações internacionais, ambiente e segurança.
“As principais potências nucleares estão em vias de relançar uma nova corrida aos armamentos que será muito dispendiosa e aumentará os riscos de acidentes e erros”, receiam estes peritos, que também assinalam os “progressos excecionais” do programa nuclear norte-coreano em 2017.
O relógio do apocalipse foi ajustado 20 vezes desde a sua criação em 1947, da meia-noite menos dois minutos em 1953 à meia-noite menos 17 minutos em 1991, no final da Guerra fria.
Em 2017 a agulha já tinha sido avançada em 30 segundos à meia-noite menos dois minutos e 30 segundos, com os cientistas a evocarem designadamente a retórica e as ações de Donald Trump.
Em 2015 o relógio recuou dois minutos, para as 23:57, e não foi alterado em 2016.
Na ocasião, os cientistas assinalaram como fatores de encorajamento o acordo sobre o nuclear iraniano e o acordo sobre o clima em Paris, no final de 2015.
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