Numa sessão de perguntas e respostas em Coimbra – iniciativa de campanha que o PSD designa de ‘talk’ -, a cabeça de lista por Coimbra, Mónica Quintela, e porta-voz do partido para os assuntos de justiça questionou Rui Rio se compreendia que “determinada instituição” tinha razões para estar em desagrado com um Governo “que a tratou tão bem”, depois de o Expresso ter noticiado que o PS acredita numa conspiração política do Ministério Público (MP) sobre o caso de Tancos.
“O PS deu tudo o que havia para dar ao Ministério Público (…) Deu-lhes um aumento muito desigual relativamente às outras classes profissionais”, afirmou, comparando com salários como os dos generais das Forças Armadas ou os professores catedráticos.
Admitindo que até poderá ser mal interpretado - “vão dizer, agora agradou-te” -, Rui Rio concretizou.
“O Ministério Público só tinha de estar contente com o PS, o tal elogio é por isto: apesar de o Governo ter feito tudo aquilo que eles queriam, eles não deixaram de cumprir a sua obrigação. E eu, se sou tão critico em muitas coisas, também tenho de ser justo e aqui elogiar: tem a ver com o PS no Governo ter dado tudo e ainda assim houve a independência necessária para fazer isso”, afirmou.
Rio voltou a defender que, no caso Tancos, não compreende como o Ministério Público poderia ter feito outra coisa: “Houve efetivamente um roubo, a partir desse momento, o Ministério Público tinha de abrir um inquérito, fazer a investigação e tinha prazos a cumprir, se a acusação não saísse quem estava preso tinha de ser solto”.
À saída da sessão, Rio recusou comentar as críticas que lhe foram dirigidas pelo líder do PS, António Costa, em entrevista à RTP, mas recusou ter posto a palavra do primeiro-ministro em causa.
“Onde é que pus a sua palavra em causa? eu só pus a pergunta se sabe ou não sabe [do encobrimento do aparecimento das armas de Tancos]”, afirmou.
Rio disse também ainda não ter lido o artigo publicado no Expresso pelo antigo primeiro-ministro José Sócrates e no qual considera que a apresentação da acusação judicial sobre o caso de Tancos a meio da campanha eleitoral tem "evidente e ilegítima motivação política”.
“Não vi, de qualquer forma não tirei nenhuma conclusão de ordem judicial, limitei-me a colocar questões de ordem política e essas são a minha obrigação”, considerou.
Durante a ‘talk’ de Coimbra, e respondendo a uma pergunta sobre qual a principal razão que daria aos portugueses para votarem no PSD, Rio voltou a eleger a coragem de “ser forte com os fortes”.
“Para ter essa coragem é preciso ter desprendimento relativamente ao poder e isso não tenham dúvida que eu tenho. Eu não estou aqui por mim, estou aqui a prestar um serviço, isto é duro, isto é pesado, é mais cómodo estar em casa, e até se calhar ter um salário melhor, é mais cómodo”, enfatizou.
Rui Rio reiterou que tem “essa coragem e esse desprendimento”.
“Se ela está dentro de mim e eu estou desprendido do poder, será como o povo português quiser e eu estou disponível para fazer de uma maneira ou fazer de outra, como os portugueses entenderem”, afirmou, reiterando que a sua prioridade é “tentar fazer” as reformas estruturais que entende que o país necessita.
Nesta ‘talk’ de Coimbra, as perguntas de Mónica Quintela permitiram ao líder do PSD revelar algumas preferências mais pessoais.
Se já tinha dito que o prato preferido era lampreia à bordalesa, hoje revelou que o que menos gostava, quando era criança, era a farinha de pau, sobretudo de peixe.
Na música, revelou que em casa prefere ouvir ‘blues’ à chamada música ‘pimba’ e, em questões de saúde, admitiu ter cuidados com a alimentação e tomar alguns suplementos.
“Se tomo magnésio é porque cientificamente está comprovado que é benéfico a partir de certa idade”, afirmou, revelando ainda que “bebe dois copos de água” ao acordar e prefere a de teor mais alcalino.
(Notícia atualizada às 21h37)
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