Após cerca de uma hora e meia de reunião, Alexandre Delgado, do Sindicato da Marinha Mercante, Indústrias e Energia (Sitemaq), considerou o início da negociação “frustrante”, culpabilizando a tutela e o conselho de administração da Soflusa, transportadora responsável pelas ligações fluviais entre o Barreiro (distrito de Setúbal) e Lisboa.
“Foi um tanto ou quanto frustrante, porque, de facto, o Ministério [do Ambiente] e o conselho de administração, refugiando-se de que tinham de fazer o que fizeram para parar uma greve, esqueceram-se de que iam criar muitas mais no setor”, realçou.
Em causa estão os salários de marinheiros, chefes de máquina, oficiais de reparações e auxiliares de terra, que estão descontentes com a atribuição de um prémio aos mestres da empresa e a consequente “desarmonia salarial”, quando, segundo o sindicato, “havia um acordo com toda a gente de que este ano não havia propostas”.
Os mestres realizaram várias greves, em maio, pela contratação de novos profissionais e pela valorização dos salários.
De acordo com Alexandre Delgado, a administração conjunta das duas empresas que asseguram as ligações fluviais entre o distrito de Setúbal e Lisboa (Soflusa e Transtejo) vai agora agendar uma nova reunião.
“O conselho de administração ficou de agendar uma reunião ou para esta semana ou no início da outra, para iniciar as negociações”, disse o sindicalista, em declarações aos jornalistas, referindo que os administradores “estão irredutíveis, de acordo com as diretivas que recebem das tutelas”.
A reunião de abertura do processo negocial de revisão salarial dos trabalhadores ocorreu pelas 11:00, no Ministério do Ambiente, em Lisboa, com a presença do secretário de Estado Adjunto e da Mobilidade, José Mendes, e da presidente do conselho de administração da Transtejo e da Soflusa, Marina Ferreira, bem como de todos os sindicatos representados nas empresas.
No entanto, Alexandre Delgado voltou a referir que a partir de 18 de junho haverá uma nova greve parcial, de duas horas por turno.
“Não pode haver outra atitude, a não ser a que os trabalhadores vão tomar. E, por isso, vão retomar a greve a partir do dia 18”, afirmou.
O sindicalista informou ainda que há várias formas de luta a serem equacionadas, por forma a acelerar o processo, sem especificar se estão previstas novas paralisações.
“Ainda não há mais greves marcadas, mas os trabalhadores estão-nos a pedir novas formas de luta. Não querem uma grave longa, mas rápida. Que o Governo perceba e o conselho de administração que se portaram mal com cerca de 95% dos trabalhadores”, concluiu.
Por seu lado, José Manuel Oliveira, coordenador da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans), precisou que não há “greve marcada para o dia 18”, reconhecendo que, após o resultado da reunião, “os trabalhadores têm razões de continuar o seu protesto” até encontrarem soluções.
De acordo com o dirigente sindical, a tutela transmitiu toda a disponibilidade em começar as negociações o mais rápido possível.
“Da parte da Secretaria de Estado, o que nos foi transmitido é que há toda a disponibilidade para se reabrir um processo negocial ou que se possa começar um processo negocial o mais brevemente possível”, indicou José Manuel Oliveira, adiantando que na próxima semana irá haver uma nova reunião, onde “se irá discutir as coisas no concreto”.
Por fim, o coordenador da Fectrans alertou para necessidade para se encontrar soluções para os trabalhadores da área marítima da Soflusa, como aconteceu com os mestres da via fluvial.
“É necessário que se tenha disponibilidade para se encontrar soluções também para a valorização das outras categorias profissionais, porque a empresa funciona com todos os trabalhadores e não apenas com uns de uma determinada categoria”, sublinhou.
(Notícia atualizada às 16:40)
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