“A reação local contínua contra o Natal é parte do sentimento mais amplo desde que Xi [Jinping] tomou poder”, frisou o académico de Singapura Zi Yang, especialista em Estudos Chineses.
Desde que tomou posse, em 2013, o líder chinês tem tentado ampliar a lealdade ao Partido Comunista e reduzir a importância da religião na vida dos chineses.
“Portanto, elementos culturais estrangeiros, como o Natal, estão em risco de desaparecer”, apontou o académico.
Na cidade de Nanyang, a oeste de Xangai, por exemplo, levou menos de 24 horas para que todas as árvores de Natal, luzes e sinos desaparecessem de um complexo de lojas e escritórios de 27 andares.
Mais a sul, em Hengyang, na província de Hunan, uma mensagem divulgada numa conta oficial do Governo, nas redes sociais, advertia a população sobre os enfeites de Natal que “bloqueiam as estradas”, ameaçando com punições.
Já no distrito de Panlong de Kunming, capital da província de Yunnan, no sul da China, a polícia fez circular um aviso de que hotéis, salas de ‘karaoke’, cafés e bares deviam proibir decorações e atividades relacionadas com o Natal.
“É proibido pendurar meias de Natal, usar chapéus de Natal, colocar árvores de Natal, e assim por diante”, lê-se no aviso.
Não ficou claro se o aviso se aplicava a toda a cidade de Kunming, embora um polícia tenha dito à agência de notícias Associated Press que a ordem para divulgar o aviso veio das autoridades.
Restrições que se seguem, na verdade, a surtos semelhantes de uma retórica anti-Natal, entre 2014 e 2017.
Este ‘cerco’ ao Natal é um exemplo de como os esforços para “normalizar” o pensamento sangram na vida quotidiana de muitos chineses. A pressão ficou patente este ano com os campos de reeducação para muçulmanos uigures e na repressão às igrejas cristãs.
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