“Cerca de 125 mil pessoas foram deslocadas desde que o cessar-fogo foi quebrado. Isto inclui movimentos no norte e no leste”, indicou à agência EFE Sam Rose, diretor de operações da UNRWA no enclave palestiniano.

Israel ordenou à população que se retirasse das zonas orientais de Khan Yunis, no sul da Faixa de Faza Gaza), bem como da cidade vizinha de Beni Suheila, o que levou a deslocações para as zonas próximas da costa.

No norte, o Exército Israelita ordenou aos habitantes de Beit Hanoun, no canto nordeste do enclave, e de Beit Lahia, a noroeste, que se retirassem.

Depois, alargou as ordens de evacuação a três zonas costeiras entre Beit Lahia e a Cidade de Gaza.

Todas estas áreas eram adjacentes à “zona tampão” de onde as tropas israelitas se retiraram durante o cessar-fogo que vigorava desde 19 de novembro.

“Na verdade, há muito tráfego na estrada costeira, em ambos os sentidos”, descreveu Rose.

As Forças de Defesa de Israel retomaram na semana passada uma invasão terrestre no território palestiniano, com operações em Beit Lahia e a ocupação parcial do corredor Netzarim, onde já se tinham posicionado antes do cessar-fogo para separar o norte do sul do enclave.

Israel ordenou à população do norte que seguisse para sul pela autoestrada costeira Rashid, que atravessa a Faixa de Gaza de uma ponta à outra, enquanto bloqueava o acesso à autoestrada Salah al-Din, que segue em paralelo, mas está perto da fronteira.

Nas suas ordens de evacuação, o Exército redirecionou os habitantes para uma “zona segura” que estabeleceu em Mawasi (sudoeste), embora nos últimos dias o local, que ficou preenchido com tendas de deslocados, tenha sido também alvo de bombardeamentos.

Estes ataques interromperam uma trégua iniciada em 19 de janeiro com o grupo islamita Hamas, ao fim de mais de 15 meses de ofensiva, e ocorrem num momento em que as partes não alcançam entendimento para avançar para as etapas seguintes do acordo de cessar-fogo.

No seu último balanço, as autoridades locais da Faixa de Gaza, controladas pelo Hamas, indicaram que pelo menos 634 pessoas morreram em resultado da vaga recente de ataques israelitas e outras 1.172 ficaram feridas.

Antes do cessar-fogo, pelo menos 1,9 milhões de habitantes, ou 90% da população, estavam deslocadas pelo conflito, de acordo com dados das Nações Unidas.

O ministro da Defesa israelita, Israel Katz, ordenou na semana passada ao Exército a tomada de mais territórios na Faixa de Gaza para serem anexados a Israel até que o Hamas liberte todos os reféns que conserva na sua posse.

Katz disse que as tropas devem retirar as populações palestinianas das áreas adicionais ocupadas para expandir as zonas de segurança e, assim, “proteger as comunidades israelitas e os soldados israelitas através do controlo israelita permanente do território”.

O ministro da Defesa avisou que Israel “vai intensificar os combates com ataques aéreos, marítimos e terrestres, expandindo as manobras terrestres”, até que os 59 reféns ainda mantidos na Faixa de Gaza sejam libertados “e o Hamas seja derrotado”.

O Hamas atacou o sul de Israel em 7 de outubro de 2023, matando cerca de 1.200 pessoas e tomando outras 251 como reféns.

Em resposta, Israel lançou um ataque em grande escala na Faixa de Gaza, matando cerca de 50.000 pessoas, na maioria civis, segundo números das autoridades locais, destruindo a maior parte do território palestiniano, que está mergulhado numa grave crise humanitária.