O anúncio, assinado pela subdiretora-geral do Património Cultural, Rita Jerónimo, dá conta que a Quaresma e as Solenidades da Semana Santa de Braga estão, por despacho de 12 de abril, inscritas no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial.
Segundo o texto, as tradições de Quaresma e da Semana Santa bracarenses respondem a critérios como a “importância da manifestação do património cultural imaterial enquanto reflexo da identidade da comunidade” em que aquelas tradições tiveram origem e são praticadas “traduzidas em práticas transmitidas intergeracionalmente, com recurso privilegiado à oralidade e à observação e participação direta”.
A inscrição no Inventário Nacional é a única forma de proteção legal do património cultural imaterial e está para o património cultural imaterial como a “classificação” está para os bens móveis e imóveis.
A submissão da proposta de inscrição da Quaresma e das Solenidades da Semana Santa de Braga foi efetuada em janeiro de 2016, mas a sua análise ficou suspensa durante alguns anos, devido a “limitações” da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC).
Segundo o município, a análise foi retomada no início de 2021.
A entidade proponente da inscrição no Inventário Nacional foi a Câmara de Braga, tendo contado com a participação da Delegação para o Turismo Religioso da Entidade Regional de Turismo do Porto e Norte e também da Comissão da Quaresma e das Solenidades da Semana Santa de Braga, através das entidades que integram a mesma comissão.
A Quaresma e as Solenidades da Semana Santa de Braga são uma manifestação cíclica que decorre entre a Quarta-Feira de Cinzas e o Domingo de Páscoa.
Segundo a página da DGPC, a partir de 1933, com a criação da Comissão da Semana Santa, verificou-se um “especial incremento das dinâmicas associadas”.
“Não são apenas as seculares procissões dos Passos (1597) e do Senhor Ecce Homo (1513), completadas nas últimas décadas pela Procissão do Enterro do Senhor (1933) e pela renovada Procissão da Burrinha (1998), que perfazem a imponência da quadra. As ruas vestem-se de roxo e perfumam-se de incenso, tal como os principais templos que continuam a centralizar o exercício de práticas seculares”, acrescenta.
As principais celebrações decorrem na Sé, enquanto nos Congregados se desprendem as espadas da imagem da Senhora das Dores, pioneira desta devoção em Portugal e propulsora de um “peculiar exercício devocional”.
Em sete igrejas, adora-se o sepulcro do Senhor, “num desafio à contemplação da mais tenebrosa contingência da existência humana”, sendo que no domingo “estala a alegria”, com o compasso pascal.
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