“O fogo atingiu dimensões nunca vistas, com projeções por todo o lado, mesmo no interior da aldeia, em alguns casebres abandonados, havia ignições. Esteve bastante complicado”, afirmou João Teixeira, residente em Mascanho.
A descrição é relativa ao pesadelo que viveram os residentes das aldeias de Murça atingidas pelo fogo, que recordaram momentos assustadores em que se uniram para ajudarem a salvar vidas, casas e animais das chamas que pintaram de negro todo o norte do concelho.
“Felizmente tivemos os bombeiros que estavam sempre por perto, mais os populares que não saímos. Em situações destas as pessoas que têm capacidade devem ficar para ajudar e foi isso que também salvou a aldeia”, salientou João Teixeira, referindo-se ao incêndio que deflagrou no domingo, em Cortinhas, e que na segunda-feira atingiu grandes dimensões.
Pelo meio do fogo, chegou também a história de um casal de idosos que foi ontem encontrado morto num carro carbonizado, na aldeia de Penabeice, no concelho de Murça. Sabe-se que a viatura sofreu “um despiste seguido de capotamento”, segundo a Proteção Civil, que remeteu mais explicações para a investigação em curso.
Quanto à área ardida, o presidente da Câmara de Murça, Mário Artur Lopes, estimou que o incêndio tenha já consumido entre 10.000 a 12.000 hectares nos três concelhos atingidos.
Em vários pontos do país, a situação repete-se. E tem sido assim desde o início do mês. Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), os primeiros 17 dias de julho foram os mais quentes deste século com uma temperatura média do ar de 25,7 graus centígrados.
E prevê-se que o calor continue. De acordo com as previsões do IPMA, as temperaturas vão subir a partir de quarta-feira, com as máximas a chegar aos 41 graus em algumas zonas do país no fim de semana.
Nove distritos de Portugal continental vão estar amanhã sob aviso amarelo face ao aumento das temperaturas, sendo eles: Vila Real, Bragança, Viseu, Guarda, Castelo Branco, Portalegre, Évora, Beja e Faro. Na quinta-feira, o IPMA vai elevar o aviso de amarelo para laranja nos distritos de Bragança e Guarda.
Com os termómetros a subir, os olhos ficam também postos nos incêndios — na esperança de que esses comecem a diminuir.
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