Puigdemont falava numa conferência de imprensa em Bruxelas, para onde viajou na segunda-feira acompanhado de outros cinco ex-membros do governo autónomo da Catalunha, destituídos na sequência da aplicação do artigo 155 da Constituição espanhola.
Dirigiu-se aos jornalistas assegurando estar grato pela oportunidade de "se exprimir" e pelo interesse demonstrado. O antigo presidente da Catalunha que inicialmente se começou a expressar em francês, afirmou que o seu governo foi vítima de uma "ofensiva agressiva" por parte de Madrid e que não esteve sem "condições" para "negociar".
O ex-presidente regional disse que pretende dar prioridade as suas ações em algumas áreas, nomeadamente, destacar o problema catalão no coração da Europa, destacar as ações do executivo de Mariano Rajoy e "mostrar ao mundo o grave déficit democrático que existe no governo espanhol."
Puigdemont pediu também à comunidade internacional que reagisse, uma vez que o povo catalão se baseia nos valores europeus. E pediu "ao povo catalão que se prepare para um longo caminho".
"Não vou sujeitar os meus cidadãos a uma onda de violência, não é essa a minha intenção", disse. "Queremos continuar a trabalhar como um governo", continuou.
No entanto, garante que não se encontra em Bruxelas com o intuito de "pedir asilo político", mas sim para "atuar em liberdade e segurança". "Estamos aqui devido à falta de garantias por parte da Espanha”, afirmou Carles Puigdemont.
Questionado se iria continuar, assim como os seus cinco ex-membros do governo, na Bélgica, afirma que tudo iria "depender" de algumas questões, reiterando que se lhe fosse garantido que teriam um "processo justo, com a separação de poderes", voltariam "imediatamente".
O presidente destituído do governo catalão justifica, assim, a sua viagem para Bruxelas pela falta de condições de segurança em Espanha, garantindo que não vai pedir asilo político à Bélgica, mas permanecerá na “capital da Europa” por tempo indeterminado.
Chegada à Bélgica
De acordo com o advogado Paul Bekaert, que está a assessorar Carles Puigdemont desde segunda-feira, o ex-presidente da Generalitat não tem intenção de esconder-se na Bélgica e não decidiu se vai pedir asilo, apontando que mantêm “todas as portas abertas”.
Bekaert, advogado especializado em casos de extradição e asilo político, representou Nitividadad Jáuregui, membro do grupo terrorista basco ETA, residente em Gante e que a Bélgica recusou extraditar depois de três ordens da justiça espanhola, em 2004, 2005 e 2015.
O parlamento regional da Catalunha aprovou na sexta-feira a independência da região, numa votação sem a presença da oposição, que abandonou a assembleia regional e deixou bandeiras espanholas nos lugares que ocupava.
Ao mesmo tempo, em Madrid, o Senado espanhol deu autorização ao Governo para aplicar o artigo 155º. da Constituição para restituir a legalidade na região autónoma.
O executivo de Mariano Rajoy, do Partido Popular (direita), apoiado pelo maior partido da oposição, os socialistas do PSOE, anunciou no sábado a dissolução do parlamento regional, a realização de eleições em 21 de dezembro próximo e a destituição de todo o Governo catalão, entre outras medidas.
Na segunda-feira, o Ministério Público espanhol apresentou acusações contra os principais membros do governo catalão por rebelião, sedição e fraude e contra a presidente do Parlamento regional e os membros da mesa que processaram a declaração de independência.
Hoje, na sua primeira aparição pública em Bruxelas desde que deixou Barcelona, o ambiente foi-lhe claramente hostil, já que muitas dezenas de espanhóis - boa parte dos quais catalães -, assim que souberam da realização da conferência de imprensa, rumaram às instalações do "Press Club" (onde só foi permitida a entrada de jornalistas devidamente credenciados) e apuparam-no à entrada e à saída, chamando-lhe designadamente "cobarde" por ter decidido "refugiar-se" em Bruxelas.
No evento mais concorrido de que há memória realizado no “Press Club”, cujas instalações, localizadas bem perto das instituições da União Europeia, foram hoje demasiado pequenas para acolher mais de uma centena de jornalistas, Carles Puigdemont disse que decidiu na passada sexta-feira à noite, juntamente com os outros membros da Generalitat, rumar “não à Bélgica, mas sim à capital da UE” para poder agir “com toda a liberdade e segurança”, e porque pretende evitar uma espiral de violência.
No exterior, dezenas de manifestantes, com bandeiras espanholas e catalãs e “vivas” à Espanha e à Catalunha, gritavam “cobarde, cobarde” ao ex-presidente da Generalitat, que assegurou que não está a fugir à Justiça espanhola, mas admitiu que só regressará a Espanha quanto tiver “garantias imediatas de um tratamento justo, com separação de poderes”, o que considera não ser o caso.
Puigdemont viajou na segunda-feira para Bruxelas acompanhado de outros cinco ex-membros do governo autónomo da Catalunha, destituídos na sequência da aplicação do artigo 155 da Constituição espanhola.
O parlamento regional da Catalunha aprovou na sexta-feira a independência da região, numa votação sem a presença da oposição, que abandonou a assembleia regional e deixou bandeiras espanholas nos lugares que ocupava.
O executivo de Mariano Rajoy, do Partido Popular (direita), apoiado pelo maior partido da oposição, os socialistas do PSOE, anunciou no sábado a dissolução do parlamento regional, a realização de eleições em 21 de dezembro próximo e a destituição de todo o Governo catalão, entre outras medidas.
Na segunda-feira, o Ministério Público espanhol apresentou acusações contra os principais membros do governo catalão por rebelião, sedição e fraude e contra a presidente do Parlamento regional e os membros da mesa que processaram a declaração de independência.
[Notícia atualizada às 13:48]
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