Num comunicado de seis pontos, Luís Montenegro agradece todas as manifestações de apoio que recebeu e promete "total equidistância" em relação às candidaturas que irão surgir, embora sem abdicar de "participar ativamente" no debate interno.
"A apresentação de uma candidatura à liderança do Partido Social Democrata é uma prerrogativa que assiste a qualquer militante no pleno exercício dos seus direitos estatutários. Após a reflexão que fiz, entendo que, por razões pessoais e políticas, não estão reunidas as condições para, neste momento, exercer esse direito", justifica o deputado.
No comunicado, Luís Montenegro explica que, tal como disse que faria, levou a cabo "uma reflexão profunda sobre a nova fase que se abriu" no PSD, com o anúncio da não recandidatura do atual presidente Pedro Passos Coelho, comunicado na terça-feira ao Conselho Nacional.
"Nesse contexto, queria antes do mais agradecer, penhoradamente, todas as opiniões, contributos, manifestações de apoio e incentivo, que nestes dias me chegaram de todo o território nacional e da nossa diáspora", refere.
Por outro lado, o antigo presidente da bancada social-democrata considera fundamental que "o PSD não fulanize o debate interno e que seja capaz de discutir as ideias e os projetos" que pretende apresentar aos portugueses, num momento em que, diz, "o país é dirigido por uma maioria de esquerda que não tem uma visão estratégica" de futuro e "que não tem limites à sua ânsia de poder".
Luís Montenegro promete participar ativamente nesse debate interno, mas deixa um aviso: "Manterei total equidistância face às candidaturas que vão surgir, embora não me furtando a dar contributos e a partilhar reflexões que os candidatos aproveitarão, se assim o entenderem".
"Como militante de base que hoje sou, e como é obrigação de todos, não deixarei de fazer a minha opção e de participar, com o meu voto, na eleição direta e no Congresso Nacional que se lhe seguirá", conclui.
Na quarta-feira, primeiro à TSF e depois em declarações aos jornalistas no parlamento, Luís Montenegro admitiu estar a ponderar uma eventual candidatura à liderança do partido e frisou que a sua decisão não dependia de ninguém, nem de qualquer "contagem de espingardas" ou apoios dentro do partido.
Luís Montenegro, 44 anos, deixou em junho a liderança da bancada do PSD, depois de atingir o limite de três mandatos sucessivos, num total de seis anos na liderança parlamentar, grande parte dos quais durante a governação PSD/CDS-PP e no período em que Portugal esteve sob assistência financeira.
Chegou ao parlamento em 2002, eleito sempre pelo círculo de Aveiro. Começou na política em Espinho, onde foi líder da JSD e vereador autárquico. Por esse concelho, foi candidato derrotado à Câmara Municipal em 2005 e, quatro anos mais tarde, viria a ser eleito presidente da Assembleia Municipal, cargo que desempenhou até 2013.
Sobretudo nos últimos meses, Luís Montenegro já por várias vezes admitiu em entrevistas ter a ambição de vir a liderar o PSD no futuro, mas sempre sublinhando que nunca avançaria contra o atual líder, Pedro Passos Coelho.
Na terça-feira, o presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, anunciou que não será recandidato a um novo mandato à frente dos sociais-democratas, na sequência dos resultados pesados do partido nas autárquicas e por considerar que, se ficasse, correria o risco de "parecer agarrado ao poder" internamente.
Nas eleições autárquicas de domingo, o PSD perdeu oito lideranças de câmaras municipais, ficando com 98 presidências (79 sozinhos e 19 em coligação), mas em termos de votos e percentagem quase não houve variações, tendo conseguido, sozinho, 16,08% dos votos (em 2013 foram 16,70%).
O Conselho Nacional do PSD reúne-se novamente na próxima segunda-feira para marcar a data das eleições diretas para a escolha do próximo presidente do partido, que poderão acontecer já em dezembro, e do Congresso.
Até agora, ainda não existe nenhuma candidatura formalizada, mas o antigo presidente da Câmara Municipal do Porto Rui Rio vem manifestando a intenção de avançar, o que deverá concretizar-se na próxima semana.
O eurodeputado Paulo Rangel é o outro nome mais apontado para disputar a liderança do PSD, enquanto o antigo primeiro-ministro Pedro Santana Lopes também admitiu à SIC estar a ponderar essa possibilidade.
[Notícia atualizada às 0:13]
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