“Não podemos perder tempo a ajustar contas com o passado. Este não é tempo para queixumes, nem para tibiezas ou subtilezas. O que importa agora é que sejamos capazes de nos reorganizar e focar no futuro”, refere Montenegro, numa carta enviada aos militantes a que a Lusa teve acesso.

Na véspera de apresentar publicamente a sua candidatura, o antigo deputado diz estar “totalmente empenhado em unir e reunir o PSD em volta de um projeto humanista e transformador”.

“Não o conseguiremos cumprir com o partido dividido, enredado em lutas internas permanentes, muitas vezes carregadas de intolerâncias, de intrigas e de mesquinhez”, alertou.

Ainda assim, na mensagem enviada aos militantes Montenegro referiu que o PSD encerrou “um ciclo político com várias derrotas eleitorais e com a emergência de uma maioria absoluta” do principal adversário político, o PS.

“Os portugueses decidiram e deram ao PSD um duplo mandato. O de fazermos uma oposição firme, séria e vigilante e o de afirmarmos uma alternativa política credível, coesa e mobilizadora dos portugueses. Só assim poderemos reclamar novamente a responsabilidade de governar Portugal”, defendeu.

Luís Montenegro salientou que, entre os que procuram uma alternativa, “há desempregados sem esperança e milhões de portugueses com empregos precários e baixos salários” e “idosos sós e com acesso dificultado a serviços de saúde”, bem como “empresas asfixiadas em custos galopantes”.

“E há hoje uma guerra na Europa que nos recorda quão frágeis são a Democracia, os Direitos Humanos e a Liberdade”, acrescentou, na carta enviada aos militantes.

Luís Montenegro afirmou querer protagonizar “um projeto aberto à sociedade, agregador, edificado de baixo para cima, a partir de cada militante, de cada simpatizante, de cada autarca e de cada estrutura”.

“Temos de estar à altura do que foi e é o nosso PSD: os seus ideais, a sua História e os seus militantes (…) Acredito muito em Portugal e acredito muito no PSD. Conto com todos para fazer Portugal acreditar”, diz.

Hoje à noite foi também lançada a página da candidatura no Facebook, precisamente com o ‘slogan’ “Acreditar”.

Numa curta mensagem de vinte segundos, Luís Montenegro deixa quatro palavras que considera decisivas para o futuro do PSD: “Energia, convicção, unidade, responsabilidade. Este é o nosso futuro”.

“Bem-vindos à página ‘Acreditar’, um espaço de todos, onde vamos discutir o futuro de Portugal. E vamos fazê-lo a partir do PSD, um PSD, renovado, empenhado e mobilizado”, afirma.

O antigo líder parlamentar do PSD Luís Montenegro apresenta na quarta-feira publicamente a sua candidatura à liderança do partido, cerca de uma semana depois de ter confirmado à Lusa que disputará as eleições diretas de 28 de maio.

A apresentação está marcada para as 11:00, na sede nacional do PSD, em Lisboa.

Luís Montenegro é, por enquanto, o único candidato assumido à presidência do PSD, mas o antigo primeiro vice-presidente Jorge Moreira da Silva também deverá entrar na corrida, tendo marcado uma declaração pública para 14 de abril, depois de concluir um trabalho anual na OCDE, organização da qual é diretor da Cooperação para o Desenvolvimento.

O atual presidente do PSD, Rui Rio, que ocupa o cargo desde janeiro de 2018, já anunciou que deixará a liderança do partido depois da derrota nas legislativas de 30 de janeiro. As eleições diretas para escolher o seu sucessor foram marcadas para 28 de maio e o Congresso vai realizar-se entre 01 e 03 de julho, no Porto.