“O anúncio [das ligações ferroviárias entre Setúbal e Lisboa de 20 em 20 minutos] não passou de uma mera operação cosmética para justificar a decisão de prolongar a concessão ao Grupo Barraqueiro, somente com o objetivo de beneficiar a concessionária, permitindo-lhe a maximização da exploração para aumentar os seus lucros”, acusa o PCP em nota de imprensa.
“A decisão de prolongar a concessão, acompanhada de um anúncio de aumento da oferta de transportes em número de circulações por hora, não acautelou a necessidade de um aumento de material circulante para assegurar a qualidade do serviço prestado pela Fertagus”, sublinha a nota.
De acordo com os comunistas, trata-se de uma “situação que se arrasta há semanas [desde 15 de dezembro do ano passado] sem que se veja qualquer iniciativa por parte da concessionária, a não ser o reforço do número de seguranças, para empurrar os passageiros para dentro dos comboios, e de policiamento, para conter a indignação popular”.
“Os passageiros não precisam que os empurrem, precisam de mais comboios", defende o PCP, adiantando que, a deputada Paula Santos, eleita por Setúbal, já pediu esclarecimentos ao Ministério das Infraestruturas e da Habitação (MIH) sobre as medidas que o Governo pretende tomar para resolver o problema.
Deputados do PS da Comissão de Economia, Obras Públicas e Habitação e os eleitos pelo distrito de Setúbal também já questionaram o MIH sobre os “estudos que fundamentaram as decisões tomadas, nomeadamente a redução do número de carruagens e a alteração da frequência de comboios”, exigindo “uma intervenção célere e eficaz do Governo para corrigir esta situação”.
“Desde a entrada em vigor do novo contrato de concessão, em dezembro de 2024, consideramos terem-se registado mudanças que, ao invés de melhorar a oferta, resultaram num evidente retrocesso na qualidade do serviço prestado”, lê-se numa nota de imprensa sobre a iniciativa do PS, liderada pelo deputado socialista eleito por Setúbal, André Pinotes Batista.
Na passada quinta-feira, a Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT) também pediu informações à Fertagus sobre a insatisfação dos passageiros com os novos horários dos comboios, que passaram a circular de 20 em 20 minutos entre Setúbal e Lisboa, mas que por vezes andam sobrelotados.
Até dezembro, a circulação de comboios da Fertagus entre as estações de Setúbal e de Lisboa (Roma-Areeiro) nos dias úteis era de 30 em 30 minutos, mas, a partir de 15 de dezembro do ano passado, passou a ser de 20 em 20 minutos.
O aumento da oferta do horário de transporte ferroviário entre Lisboa e Setúbal através da Ponte 25 de abril foi anunciado em novembro de 2024 pelo MIH, no âmbito do alargamento do contrato de concessão da Fertagus por seis anos e meio, até 31 março de 2031.
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