“Há focos de incêndio ao longo de toda a frente, [mas] não há zonas particularmente preocupantes”, declarou um porta-voz dos bombeiros.
Hoje de manhã, o cadáver de uma sexagenária moldava foi encontrado numa fábrica calcinada em Halandri, perto de Atenas, segundo as autoridades.
Sessenta e seis pessoas receberam tratamento médico por ferimentos, e cinco bombeiros ficaram igualmente feridos, segundo fontes oficiais.
Cerca de 100 casas ficaram gravemente danificadas, indicou a Proteção Civil grega.
Alimentado por ventos muito fortes, o pior incêndio florestal do ano na Grécia alastrou por uma zona seca e devastou 10.000 hectares, destruindo numerosos edifícios e veículos.
Dezenas de ordens de evacuação foram enviadas aos habitantes da região, e vários estádios foram abertos para acolher os deslocados.
O presidente da câmara de Halandri, Simos Roussos, relatou à televisão pública ERT ter visto cerca de dez casas destruídas pelas chamas.
“O fogo percorreu 50 quilómetros e mudou de direção dez vezes”, descreveu.
Os autarcas de Penteli e da cidade de Varnavas, onde o incêndio deflagrou, também informaram de uma dezena de casas destruídas nas suas zonas.
O Ministério do Interior grego decidiu hoje distribuir 4,7 milhões de euros pelos oito municípios atingidos pelo incêndio.
A maior parte da capital esteve coberta de fumo denso durante dois dias consecutivos, e cientistas registaram um aumento alarmante do nível de partículas perigosas em suspensão no ar.
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, declarou que a organização estava “pronta a ajudar a dar resposta às necessidades urgentes de saúde das comunidades afetadas”.
As chamas atingiram as cidades periféricas de Nea Penteli, Palaia Penteli, Patima Halandriou e Vrilissia, de onde fugiram milhares de pessoas.
À televisão ERT, o chefe da associação de bombeiros gregos, Costas Tsigkas, afirmou hoje de manhã: “A situação melhorou em todas as frentes”.
Propagado pelos ventos muito fortes, o fogo transformou-se numa frente de chamas de 30 quilómetros de comprimento e mais de 25 metros de altura, em alguns pontos, segundo a ERT.
O risco de incêndio mantém-se muito elevado para quarta-feira no norte da Grécia, advertiram os bombeiros num comunicado.
O primeiro-ministro, Kyriakos Mitsotakis, interrompeu as férias e regressou à capital no domingo.
Após uma reunião de Conselho de Ministros de emergência, Mitsotakis declarou: “Estamos a fazer o nosso melhor para melhorar todos os anos, mas infelizmente as condições estão a tornar-se mais difíceis”.
Hoje à tarde, em frente ao parlamento, cerca de 200 pessoas manifestaram a sua ira: “Eles queimaram-nos! Governo, ministros, vocês são responsáveis por este crime”, podia ler-se num cartaz.
Este incêndio reaviva as memórias da catástrofe do incêndio de Mati, a zona costeira próxima de Maratona onde 104 pessoas morreram em julho de 2018, numa tragédia atribuída a atrasos e erros de evacuação.
A Grécia é particularmente vulnerável aos incêndios florestais, após um inverno muito seco. Os meses de junho e julho foram os mais quentes desde que há registos, a partir de 1960.
Outras regiões da Europa também estão a sofrer vagas de calor, incluindo França e Itália. Os cientistas alertam de que as emissões de combustíveis fósseis estão a agravar a duração, a frequência e a intensidade das vagas de calor em todo o mundo.
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