Num documento a que a Lusa teve acesso diz-se que milhares de toneladas de microplásticos contidos em cosméticos acabam todos os anos a poluir o ambiente, nomeadamente os oceanos.
Vários países da União Europeia já começaram a proibir algumas formas de microplásticos em cosméticos, como as pequenas esferas usadas em produtos exfoliantes, e há empresas que já usam alternativas naturais como amêndoa moída, casca de coco ou caroços de azeitona, mas há ainda muitas a usar os microplásticos, mais baratos, diz-se no documento.
Atualmente, alertam as organizações não-governamentais, há plástico em produtos como pastas de dentes ou champôs e a indústria europeia do setor, que envolve 80 mil milhões de euros por ano, não tem intenção nem forma de prevenir a poluição por produtos que contenham microplásticos.
No documento lembra-se que os líderes da União Europeia consideram a poluição por plásticos como um perigo para a saúde e o Parlamento Europeu quer proibir os microplásticos em cosméticos. Mas as organizações dizem que a Agência Europeia dos Produtos Químicos (ECHA na sigla original) foi pouco ambiciosa e que quando a lei entrar em vigor, em 2022, não vai haver grandes mudanças, além de que há períodos excessivos de adaptação.
Produtos como o sabão, “terão quatro anos antes de uma proibição”, e outros como a maquilhagem “terão seis anos”.
“Os cosméticos não são produtos que salvam vidas, no entanto recebem períodos de adaptação mais generosos do que qualquer outro setor, incluindo os dos dispositivos médicos”, dizem as organizações, que elogiam os esforços de empresas como a Henkel (alemã) ou a Beauty Kitchen (Reino Unido) para produzir produtos sem plástico.
A poluição por microplásticos, notam as organizações, contaminou todo o planeta, desde a neve no Ártico a montanhas, rios e oceanos, e os microplásticos estão a ser consumidos e inalados pelas pessoas, desconhecendo-se ainda os impactos que têm na saúde humana, embora sejam conhecidos, em laboratório, os efeitos na fertilidade, crescimento e na vida marinha.
As organizações referem como especialmente preocupantes as partículas mais pequenas de microplásticos, do mesmo tamanho dos alimentos consumidos pelo zooplâncton (plâncton animal, que inclui organismos microscópicos e larvas de peixes e crustáceos), que sustenta a cadeia alimentar marinha e tem um papel importante na regulação do clima global. Há dados que sugerem, dizem, que pode haver mais partículas de microplásticos do que zooplâncton em algumas águas.
Igualmente preocupantes, nas palavras das organizações, são os chamados “pellets”, pequenos blocos de plástico que são a base para o fabrico de uma infinidade de produtos e que se “perdem” no ambiente às toneladas estando na grande maioria das praias de todos os continentes.
Não há, dizem as organizações não-governamentais, uma estimativa clara das empresas sobre quantidades desse plástico que acaba no meio ambiente. A lei europeia permite-lhes “agir impunemente” até 2025, alertam.
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