Rui Rocha estava no início do seu discurso durante o comício de Lisboa, quando dois jovens subiram ao palco, um deles com um cartaz em que se lia “para a nossa espécie não ficar extinta, fim ao fóssil 2030”.

Logo de seguida, o outro jovem, com uma garrafa de ‘spray’, atirou tinta verde contra a cara e o dorso de Rui Rocha, tendo depois ambos sido retirados do palco pela equipa da IL.

Rocha reagiu ao incidente afirmando que todos têm o direito a falar, retirando o casaco, mas continuando a discursar com a cara coberta por tinta verde.

A IL avançou que vai apresentar queixa e está a tentar identificá-los.

Esta informação foi adiantada à agência Lusa por fonte oficial da IL, pouco depois do líder da IL ter terminado o discurso no espaço Lisboa ao Vivo (LAV), que fez com a cara e uma parte da camisa coberta por tinta verde.

“Esta é a casa da liberdade, onde todos direito a falar, mas nós também temos direito a falar e a ter as nossas escolhas. Esta é a casa da liberdade”, disse, quando os dois ativistas foram retirados do palco.

Os jovens tinham interrompido Rui Rocha precisamente numa altura em que o líder da IL contava à plateia a sua história de vida e frisava que tinha sempre crescido no trabalho por mérito e com reconhecimento pela sua “competência, rigor e integridade”.

Após ser atingido com tinta, o líder da IL recuperou a parte onde estava no seu discurso para afirmar que tinha crescido no seu trabalho “contra tudo e contra todos”.

“E estes que aqui apareceram nem sequer são os mais pesados, tive muitas mais contrariedades na minha vida que venci”, afirmou, perante o aplauso dos membros da IL.

A reação dos candidatos

O presidente do Chega, André Ventura, condenou hoje o incidente em que o líder da IL foi atingido com pó verde e considerou que quem o fez prestou “um péssimo serviço à democracia”.

“É muito grave. É grave que os ciganos andem a perseguir a comitiva do Chega, é grave que haja miúdos do clima a atingir outros adversários, é grave porque mostra que não estão acostumados à democracia”, afirmou.

Em declarações aos jornalistas no final de uma breve arruada em Elvas, distrito de Portalegre, o presidente do Chega considerou que estas são “pessoas sem sentido democrático” e defendeu que os partidos não podem “ser condicionados a andar na rua” durante a campanha eleitoral.

“Só mostra que isto é gente sem qualquer sentido democrático. Quem ataca adversários, quem nos persegue, quem nos ameaça, quem nos atira coisas, está a fazer um péssimo serviço à democracia, seja quem for que seja o alvo. E é isso que eu acho que um líder político deve dizer, é muito grave e só mostra que essa malta, sobretudo a malta de esquerda, tem mau sentido democrático e não sabe viver com a democracia”, afirmou, fazendo um paralelo com os protestos de pessoas da comunidade cigana na campanha do Chega.

André Ventura considerou que não se deve “nem relativizar, nem diminuir a gravidade de ataques, nem de ameaças” e que não se deve fazer destes episódios “jogo político” porque “é sempre condenável”.

O líder do Chega disse também esperar “não levar com tinta até ao fim da campanha”.

O porta-voz do Livre condenou o sucedido e lembrou que a democracia é um confronto de ideias.

“A democracia é confronto de ideias — apenas ideias. Tudo o que saia destes limites, incluindo a violação de espaço e segurança pessoal, como fizeram com Rui Rocha hoje, não pode fazer parte e deve ser condenado”, escreveu Rui Tavares numa publicação na sua conta na rede social X (antigo Twitter).

Mandando um abraço a Rui Rocha, o dirigente do Livre desejou uma campanha eleitoral segura para todos.