Anunciada na segunda-feira, a demissão de Jane Philpott é a segunda que o Executivo enfrenta em apenas 30 dias. Em 02 de fevereiro, a então ministra dos Veteranos e ex-ministra da Justiça (2015-2019) Jody Wilson-Raybould tinha anunciado a demissão do cargo.
Dias após a demissão, Wilson-Raybould acusou Trudeau e outros membros do Governo de pressão contínua para oferecer à maior empresa de construção do país, SNC-Lavalin, um acordo para evitar um processo criminal por corrupção na Líbia.
Apesar das renúncias de Wilson-Raybould e Philpott, o primeiro-ministro canadiano defendeu na segunda-feira que a “discordância é normal e saudável num sistema democrático”.
“Apesar de estar desapontado, compreendo a decisão [de Philpott]. Quero agradecer-lhe pelos seus serviços”, disse Trudeau, durante um comício partidário, realizado na segunda-feira à noite, nos arredores de Toronto.
Em vários momentos, o discurso de Trudeau foi interrompido por críticas ao primeiro-ministro e às políticas do Governo.
Trudeau também minimizou os incidentes, afirmando que opiniões contrárias precisam de ser expressas.
“Numa democracia como a nossa, na qual valorizamos fortemente a diversidade, podemos permitir-nos divergências e debate”, afirmou.
Sobre o escândalo de SNC-Lavalin, Trudeau procurou transformar a polémica em algo positivo: “Este assunto gerou um importante debate. É fundamental para todos os nossos princípios o comportamento das instituições democráticas”.
A SNC-Lavalin, a maior construtora canadiana, foi acusada pelo Ministério Público de pagar subornos a altos funcionários do antigo regime líbio de Muammar Khadafi, incluindo a alguns dos filhos do antigo dirigente, para conseguir contratos no país do Norte de África.
A possível condenação da construtora nos tribunais canadianos impedirá a empresa de participar nos contratos públicos no Canadá, o que resultará em perdas avultadas.
Wilson-Raybould indicou que Trudeau pretendia um acordo, a ser proposto pelo Ministério Público, para evitar a penalização da SNC-Lavalin com a exclusão dos contratos públicos.
Quando o Ministério Público recusou propor o acordo, Wilson-Raybould, também Procuradora-Geral, disse ter sido pressionada a obrigar os procuradores a mudar de decisão, o que negou fazer.
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