As forças russas retiraram-se há poucos dias de Kherson depois de uma ocupação que durou cerca de oito meses, deixando o caminho aberto para soldados ucranianos entrarem hoje na cidade.
O ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, anunciou na quarta-feira passada que as forças armadas russas iam retirar-se de Kherson, na região com o mesmo nome, anexada ilegalmente por Moscovo em setembro.
Kherson, no sul da Ucrânia, foi umas regiões anexadas em setembro pela Rússia, tal como aconteceu com Lugansk, Donetsk e Zaporijia, o que foi condenado pela comunidade internacional.
Além disso, Kherson é também um dos alvos de uma contraofensiva lançada pelas forças de Kiev há cerca de dois meses.
A cidade de Kherson era a única capital regional que as forças russas tinham ocupado nos mais de oito meses de guerra na Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro com uma invasão de território ucraniano por parte da Rússia.
Segundo a agência russa de notícias TASS, o ministro da Defesa da Rússia foi informado pelos comandantes militares no terreno de que era impossível abastecer com mantimentos a cidade e outras áreas da margem ocidental do rio Dnieper, tendo Shoigu concordado com a proposta de recuo das tropas para a margem leste.
As autoridades pró-russas de Kherson já tinham admitido na terça-feira a superioridade numérica das forças ucranianas na região.
A retirada começou no dia seguinte, quinta-feira, mas os responsáveis oficiais ucranianos permaneceram cautelosos por recearem tratar-se de uma armadilha, com o perigo de uma emboscada.
A situação na cidade portuária manteve-se muito indefinida durante os primeiros dias, com a população a recear sair das suas casas.
A retirada forçada de Kherson, a única capital provincial que Moscovo conquistou, poderá significar um dos maiores desaires militares para as forças russas, fazendo recordar o seu recuo da região de Kiev no início do conflito, iniciado em 24 de fevereiro passado.
A recaptura de Kherson poderá permitir à Ucrânia recuperar territórios no sul, incluindo eventualmente a Crimeia, anexada pela Rússia em 2014.
O conselheiro presidencial ucraniano Mykhailo Podolyak alertou entretanto que as forças russas colocaram minas em Kherson, dizendo que pretendiam torná-la numa “cidade da morte”.
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, e o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, foram cautelosos nas duas declarações. Sunak contactou hoje com o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e o seu gabinete referiu que ambos concordaram “na necessidade em manter prudência até que a bandeira ucraniana seja hasteada na cidade”.
No entanto, o chefe das Forças Armadas norte-americana, general Mark Milley, disse na quarta-feira acreditar que estava a ser processada uma retirada, mas que a Rússia concentrou entre 20.000 a 30.000 tropas em Kherson e que uma retirada total poderá prolongar-se por várias semanas.
Na sexta-feira, Moscovo sublinhou que Kherson, incluindo a capital com o mesmo nome, continua a fazer parte da Rússia, apesar da retirada, mas nesse mesmo dia, a agência ucraniana Ukrinform publicou uma fotografia de “patriotas ucranianos” a içarem a bandeira da Ucrânia na Praça da Liberdade, no centro de Kherson.
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