“O Presidente Ghani lançou hoje um processo para libertar até 2.000 prisioneiros talibãs num gesto de boa vontade”, disse Sediq Sediqqi, numa mensagem publicada na rede social Twitter, acrescentando: “O governo afegão está a alargar a oferta de paz e a tomar novas medidas para garantir o êxito do processo de paz”.
Ashraf Ghani já tinha aceitado na noite de sábado a ‘trégua’ estabelecida pelos talibãs por ocasião do Eid al-Fitr, o feriado que marca este domingo o fim do Ramadão, e aproveitou agora para reforçar o compromisso pessoal nas negociações para o fim das hostilidades no país entre os insurgentes e as forças de segurança.
“Agora queremos ter conversações diretas com os talibãs o mais rapidamente possível para pôr termo ao assassinato de afegãos e estamos absolutamente prontos para estas negociações”, sublinhou, apesar de a libertação de quase 2.000 talibãs estar ainda aquém da meta definida no acordo de paz assinado em fevereiro entre os rebeldes e os Estados Unidos da América.
O início das conversas entre o governo de Cabul e os insurgentes está sujeito à libertação de cerca de 5.000 prisioneiros talibãs e de 1.000 membros das forças afegãs em prisões dos talibãs, segundo o compromisso assinado em Doha (Qatar). No entanto, o acordo de paz não foi ratificado pelo governo afegão, uma vez que o compromisso para a troca de prisioneiros continua a ser o principal obstáculo.
O controverso processo de troca de prisioneiros começou no início de abril, mas tem-se arrastado devido a desentendimentos entre as duas partes, aumentados pela crise política.
No último domingo, Ashraf Ghani e o opositor Abdullah Abdullah assinaram um acordo de partilha de poder. O entendimento surgiu depois de Ghani ter proposto a Abdullah para liderar as negociações de paz com os talibãs, para colocar um ponto final em duas décadas de guerra.
O atual cessar-fogo de três dias ocorre na sequência de dois meses em que foram realizados mais de 3.800 ataques no país, que resultaram na morte de 420 civis e em 906 feridos, de acordo com um balanço recente das autoridades afegãs. Apesar disso, os talibãs reiteraram esta semana a vontade de respeitar o acordo assinado com os EUA, que prevê a retirada de tropas estrangeiras do Afeganistão num prazo de 14 meses.
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