“Correu muito bem, muito bem, como corre sempre com os líderes partidários, mas correu muitíssimo bem”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, em breves declarações aos jornalistas no final da sessão de lançamento da 3.ª edição do Dicionário dos Termos Europeus, que decorreu em Lisboa.
O chefe de Estado e o líder social-democrata almoçaram hoje, a sós, no Palácio de Belém, depois de há uma semana Marcelo Rebelo de Sousa ter recebido Rui Rio, mas integrado numa delegação do PSD, no âmbito de uma ronda pelos partidos que termina na terça-feira com o PAN.
“Com o quadro global penso que há certas matérias que são efetivamente importantes de discussão imediata e uma delas é a Europa. E há, sobretudo, outra de que tenho falado muito - e relativamente à qual falei no congresso da Associação Nacional dos Municípios Portugueses - que é a descentralização”, afirmou.
Na semana passada, depois de um encontro com o primeiro-ministro, António Costa, o líder do PSD tinha apontado a descentralização e os fundos comunitários como as duas matérias que irão ser alvo de tentativas de entendimento a curto prazo entre sociais-democratas e Governo.
“Temos aí dois bons temas para debate em Portugal nos próximos tempos”, defendeu.
A propósito da descentralização, o chefe de Estado considerou que é possível um entendimento em tempo útil, mas questionado se o que está em cima da mesa – essencialmente transferência de competências para os municípios – é suficiente, Marcelo Rebelo de Sousa preferiu não se pronunciar.
“Eu esperarei que votem no parlamento para depois me pronunciar”, afirmou.
Em dezembro, no encerramento do congresso da Associação Nacional de Municípios Portugueses, Marcelo Rebelo de Sousa advertiu que a descentralização é "para as pessoas e não para os responsáveis políticos" e sublinhou que o que ficar decidido não deve ser questionado pelas eleições legislativas de 2019.
"Que se lembre sempre que a descentralização é para as pessoas, não para os responsáveis políticos, e que se lembre mais que uma descentralização justa, nos temos constitucionais, deve trazer consigo meios de correção de desigualdades que permitam encarar a situação daqueles 'portugais' esquecidos ou menos recordados no dia a dia", declarou então.
Nessa ocasião, o Presidente da República disse ainda que dispensa "mais tragédias" para que seja recordado que "todos os portugueses devem ser de primeira", à luz da Constituição.
Hoje, no final do encontro em Belém, Rui Rio – que ao final da tarde também esteve presente no lançamento do Dicionário dos Termos Europeus e entrou no Salão Nobre da Reitoria da Universidade de Lisboa ao lado do Presidente da República – tinha defendido que o chefe de Estado pode ter “um papel muito importante” na aproximação entre os partidos, classificando o almoço com Marcelo Rebelo de Sousa como “muito agradável”.
Tal como já tinha dito na semana passado, Rui Rio recusou ter levado a Belém uma “pasta com propostas” e voltou a apontar as áreas da descentralização e dos fundos comunitários como as prioritárias para entendimentos com o Governo.
“Quando falamos em questões de reformas estruturais, naturalmente que ninguém traz as reformas estruturais numa pasta, têm de ser devidamente conversadas, articuladas, debatidas não só dentro do partido, como com os outros partidos”, salientou.
Sobre o papel do chefe de Estado nestes entendimentos, o líder social-democrata considerou que pode “ter um papel muito importante na aproximação dos partidos para um diálogo construtivo”.
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