
“Esse processo [a compra pelo Estado] foi concretizado relativamente à Global Media e encontra-se numa fase final relativamente às outras participações [Público, NP, RTP e a Empresa do Diário do Minho]. Acredito que em março a situação está concretizada e encerrada. A agência poderá ser 100% Estado”, disse Joaquim Carreira.
No Porto, à margem da apresentação do Anuário 2024 da agência de notícias, uma cerimónia na qual participou o ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, o presidente do Conselho de Administração recordou que no ano passado, exatamente na mesma circunstância e no mesmo espaço, foi questionado sobre o negócio que decorria com o Estado e nessa data estava adiado.
“No ano passado (…) perguntaram-me se era uma causa perdida e eu respondi ‘não é uma causa perdida, é uma causa adiada’. Estava com uma expectativa muito positiva de que fossemos para o processo de compra. E aconteceu”, disse o administrador.
O Estado comprou, em 31 de julho de 2024, 45,71% da participação da Global Media (GMG) e da Páginas Civilizadas na Lusa por 2,49 milhões de euros, passando a deter 95,86% do capital da agência noticiosa.
Atualmente, a Lusa tem cinco acionistas: o Estado português detém 95,86%, a NP 2,72%, o Público 1,38%, a RTP 0,03% e a Empresa do Diário do Minho 0,01%.
No início deste mês, o ministro Pedro Duarte, afirmou que o Estado já tinha adquirido as participações “do Público, da RTP e do Diário do Minho”.
Sobre o futuro após a concretização de aquisição total da Lusa, Joaquim Carreira disse hoje que “depois ter-se-ão de encaixar as medidas enunciadas no plano de ação para a comunicação social”, nomeadamente a alteração dos Estatutos e do Conselho de Supervisão.
“Mas isso só acontece com uma estrutura mais definida. Já há propostas relativamente ao Estatutos e ao Conselho de Supervisão e um plano claro de modernização tecnológica e de meios humanos, ao nível do reforço e capacitação”, acrescentou.
Como “peça muito importante” para a concretização deste cenário, Joaquim Carreira apontou a revisão do contrato de prestação de serviço público porque, disse, “havendo benefícios para os órgãos de comunicação social, é preciso alterar a indemnização compensatória”.
“E isso não é por decreto, é por um contrato”, referiu, recordando que “a modernização tecnológica tem impacto e gastos que neste momento não é possível fazer”.
Quanto ao reforço e requalificação dos meios humanos, o presidente do Conselho de Administração da Agência Lusa sublinhou saber que esse aspeto é “muito importante para o ministro Pedro Duarte”.
“Ele sabe e concorda: não podemos fazer uma Lusa sem meios humanos”, concluiu.
O Anuário Lusa 2024, que passa em revista os principais acontecimentos em Portugal e no mundo do último ano, retratados com mais de 200 fotografias num álbum integralmente a cores, foi apresentado hoje no Porto depois de uma primeira sessão em Lisboa a 13 de fevereiro.
Acompanhada da inauguração da exposição de fotografias dos fotojornalistas da agência noticiosa, a apresentação a Norte decorreu na Câmara Municipal do Porto, onde até 13 de março estará patente a exposição das fotografias que constituem o Anuário.
A obra é uma parceria entre a Lusa e a editora Livros Zigurate.
Na apresentação, Joaquim Carreira começou por agradecer à equipa que coordenou o Anuário, bem como à equipa que organizou as apresentações para depois destacar o “papel crucial” da agência, um papel “assente nos seus valores”.
“Existe um ataque grande às instituições em todo o mundo e a Lusa é um baluarte que é necessário manter e reforçar”, referiu, falando do alcance da agência em Portugal e além-fronteiras.
“Não estamos só a falar de Portugal ou de África. Estamos a falar dos cinco cantos o mundo”, sublinhou.
Sobre o Anuário, disse que este “é só uma pequena amostra do trabalho da Lusa”, uma obra que “permite de uma forma ponderada, mais racional e crítica, podermos relacionar a informação e vê-la de forma cronológica”.
O “Anuário Lusa 2024” foi coordenado editorialmente pela Direção de Informação (Luísa Meireles, Maria de Deus Rodrigues e Nuno Simas), a seleção de fotografias partiu dos fotojornalistas e a final foi da responsabilidade de José Sena Goulão e Paulo Carriço, tendo a cronologia do ano sido efetuada por Nuno Pêgas, da editoria de Agenda.
Além de um grafismo renovado, o Anuário tem ligações a conteúdos digitais, como a cronologia bilingue e o vídeo do ano de 2024, que podem ser lidos e vistos através de QR Codes.
A agência Lusa iniciou o projeto de passar em revista o ano em imagens em 2004 com a publicação de “Imagens Lusa” que manteve uma periodicidade anual até 2009, quando teve um interregno de nove anos, tendo retomado em 2018 com o Anuário.
O Anuário Lusa continua a ser vendido nas livrarias, mas também no ‘site’ da editora.
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