“Não nos esquecemos que em 2017 se passou uma coisa semelhante àquela que se está a passar na serra da Estrela e o único elemento que está no banco dos réus, que no dia 13 de setembro vai ouvir a sua sentença, é o senhor comandante Augusto Arnaut dos Bombeiros de Pedrógão Grande”, afirmou António Nunes, ao acrescentar que, por isso, a LBP pediu “um relatório, não um relatório qualquer, um relatório de aprendizagem”.

“Temos de ter uma abordagem aos incêndios diferente. O relatório que irá ser feito, se for feito, o dirá”, afirmou, ao garantir que o objetivo do relatório não é para “cortar a cabeça A, B ou C”.

“Isso não é o nosso problema. Esse é um problema político. Nós só temos o nível técnico e não queremos que volte a acontecer isto [um comandante arguido]. Posso garantir que com este executivo da Liga não vai acontecer isso. Quem tem que ir a julgamento é o sistema”, que “não está bem”, adiantou.

António Nunes lamentou ainda que os bombeiros “já estejam a ser bodes expiatórios”.

Em “algumas das reportagens, já se diz que os bombeiros não estiveram lá”, mas “esquecem-se de dizer que houve colunas de bombeiros que estiveram duas, três ou quatro horas à espera para lhes ser atribuída a missão”.

“E mais uma vez, o sistema provou que não tem capacidade para poder funcionar com estas situações”, reforçou, ao defender, uma vez mais, a criação de um comando dos bombeiros.

O dirigente considerou também ser “cedo” para afirmar o “que é que está a falhar”, mas apontou as “condições meteorológicas adversas, com seca, vento, e humidades relativas baixas”, o que leva a que “qualquer ignição” seja “quase um grande incêndio” e a falta de limpeza dos aceiros, como um cenário favorável aos fogos.

Abordando o Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP) o presidente da LBP adiantou que esta rede “não é infalível”, como “o não é nenhuma rede de comunicações”.

“Qualquer rede de comunicações tem zonas de sombra. Ter 100% de operacionalidade representa investimentos que nenhum país faz. Portanto, o que tenho é que saber que daqui não falo, mas que se for 20 passos para a frente, consigo falar”, disse, sugerindo que haja planos de comunicações, para que os comandantes dos bombeiros conheçam as zonas de sombra nas suas áreas territoriais.