“Vamos parar. Não podemos ir mais longe. A seguir é o precipício, a guerra nuclear. Isto não pode ir tão longe”, afirmou, considerando que é preciso um entendimento entre todas as partes para “parar este caos [que é] a guerra na Ucrânia”.
Para o Presidente bielorrusso, que disponibilizou o território do país ao exército russo para o ataque à Ucrânia, cabe a Kiev aceitar as concessões e partir para as negociações, única saída para o conflito.
As negociações anteriores, que começaram nos primeiros dias da ofensiva russa, falharam, com cada lado a culpar o outro.
“Tudo depende da Ucrânia”, referiu Lukashenko, defendendo que a guerra pode terminar em condições mais aceitáveis para Kiev se o país aceitar “não ter nunca no seu território armas que ameacem a Rússia”.
De outra forma, alertou, “as coisas podem piorar ainda mais” até porque o Presidente russo, Vladimir Putin, avisou que a guerra na Ucrânia ainda não começou a sério.
“A guerra que está a acontecer ainda não é aquela que a Rússia pode levar a cabo”, disse, referindo-se às “armas assustadoras que Moscovo ainda não usou”.
Por isso, avisa Lukashenko, a Ucrânia “deve aceitar que as regiões ocupadas pela Rússia, no leste e no sul do país, estão perdidas” e “não discutir mais”.
O Presidente bielorrusso atribuiu ainda ao Ocidente todas as culpas por esta guerra, alegando que a ameaça que representava para a Rússia era tal que Moscovo “tinha de atacar o seu vizinho”.
“Se a Rússia não tivesse ultrapassado a NATO, vocês [ocidentais] ter-se-iam organizado e atacado”, acusou.
Segundo o líder bielorrusso, o conflito poderia ter sido evitado se os países ocidentais tivessem dado a Vladimir Putin “as garantias de segurança que ele pedia”, nomeadamente a retirada da Aliança Atlântica para as fronteiras de 1997 e a cessação da reaproximação do Ocidente à Ucrânia, o que a Rússia considera uma ameaça.
“Por que é que não deram essas garantias? Significa que queriam a guerra”, concluiu.
Lukashenko falou ainda de outros temas, além da guerra, reconhecendo que o seu regime é autoritário, mas garantindo que “não é uma ditadura” e que “não tem presos políticos”.
Questionado sobre as centenas de opositores, ativistas associativos, jornalistas e simples manifestantes que foram presos pelo seu papel nas vastas manifestações contra a sua reeleição, em agosto de 2020, o Presidente bielorrusso alegou que “são pessoas que falaram contra o Estado, não contra o poder”.
Segundo assegurou, nunca reprimiu nenhum movimento de oposição, mas sim uma conspiração contra o seu país, alimentada pelo Ocidente.
“Queriam que eu assistisse em silêncio? (…) Como Presidente, a minha principal prerrogativa é defender a soberania e a independência do Estado”, insistiu, argumentando que o Ocidente queria “quebrar” a Bielorrússia em 2020, para depois atacar a Rússia.
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