“Temos observado um interesse crescente dos portugueses em investir no nosso país, em setores tão diversos como energia, serviços e agroindústria”, reconheceu a presidente chilena, que iniciou hoje, em Évora, uma visita de Estado a Portugal, que se prolonga até sexta-feira.
Ao mesmo tempo, acrescentou, “certamente, há empresas chilenas dispostas a investir em Portugal, não apenas no setor dos serviços, mas também na agroindústria”.
“Isso faz com que o futuro do intercâmbio entre ambos os países seja promissor”, afiançou a chefe de Estado do Chile, numa sessão de declarações aos jornalistas, na qual falou também o Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa.
No seu discurso, em que fez questão de falar em português, pedindo desculpa pelo seu “portunhol”, no final, Michelle Bachelet afirmou que o Chile e Portugal enfrentam “desafios comuns”, nos âmbitos “político, económico, cultural e de cooperação”.
Mas, continuou, os dois países, “partilham visões em distintas áreas, como democracia, direitos humanos, liberalização comercial, proteção do meio ambiente e desenvolvimento sustentável”, temas que vão marcar a agenda da sua visita a Portugal.
Após reunir com Marcelo Rebelo de Sousa, a presidente chilena lembrou os incêndios florestais que assolaram diversas regiões do seu país e o apoio disponibilizado por Portugal, que enviou um contingente de bombeiros.
“Agradecemos profundamente” esse apoio, realçou Michelle Bachelet, revelando que foram iniciadas “conversações” com Portugal “para ampliar a cooperação bilateral em Proteção Civil”, no sentido “de reforçar a colaboração no combate a incêndios florestais e a formação e o intercâmbio de especialistas”.
Nas declarações aos jornalistas, no Paço de São Miguel, um dos pontos de paragem do roteiro da visita a Évora, os dois chefes de Estado abordaram ainda as comemorações dos 500 anos da viagem de circum-navegação de Fernão de Magalhães.
“Conversámos sobre o trabalho conjunto que estamos a fazer com Portugal para celebrar os 500 anos da expedição de Fernão de Magalhães pelo estreito que leva o seu nome”, disse a presidente do Chile.
Esta viagem do navegador português “representou uma contribuição inestimável” para a exploração geográfica, demonstrando ligações entre territórios que até então pareciam separados”, lembrou Michelle Bachelet.
Portugal, continuou, vai entregar, “brevemente, a sua solicitação para incluir a Rota de Magalhães na lista indicativa de Portugal ao Património Mundial. Paralelamente, no Chile vai ser estudada a possibilidade de declarar certos sítios do estreito de Magalhães como monumento histórico”.
Já Marcelo Rebelo de Sousa, frisou que “Portugal apoia aquilo que foi trazido pela presidente Michelle Bachelet, que é uma visão de celebração dos cinco séculos de Fernão de Magalhães” e “da passagem do estreito de Magalhães, numa perspetiva que, além de bilateral”, é também “mundial”.
“Estamos muito empenhados nessa celebração, é muito importante porque foi, à sua maneira, um começo da globalização”, destacou o Presidente da República.
A passagem por Évora da presidente do Chile termina esta tarde, depois de Michelle Bachelet ser distinguida com o grau Doutor Honoris Causa pela Universidade de Évora.
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