A presença de técnicos para combater o mosquito que propaga a doença foi entendida pelos residentes como uma pesquisa para a atividade de indivíduos que, durante a noite, lhes retiram o sangue com instrumentos especiais, referiu o secretário permanente do distrito de Mulevala, Abdul Jamal, citado hoje pela Rádio Moçambique.
Os incidentes ocorreram em Morrua, na província da Zambézia, centro de Moçambique, onde além do ataque a uma residência a população tentou vandalizar o posto policial e a casa de técnicos da saúde.
O mito “chupa-sangue” é recorrente e já tinha motivado distúrbios em que morreram duas pessoas, na madrugada de quinta-feira, em Gilé, também na província da Zambézia.
“O ‘chupa sangue’ parece uma figura projetada pelas populações descontentes e simboliza um governo local que não consegue criar condições para que a vida das pessoas seja mais digna”, disse à Lusa, na sexta-feira, o antropólogo moçambicano Segone Cossa, ao comentar a agitação.
Por seu turno, Tirso Sitoe, também antropólogo moçambicano, salientou, na mesma altura, que não basta “dizer simplesmente que [a história do ‘chupa-sangue’] se trata de um boato”.
“Esta afirmação não tem em si um modelo de explicação sobre um determinado problema social que tem de ser resolvido. É preciso entender e desmistificar a questão a nível local”, concluiu.
A Polícia da República de Moçambique (PRM) anunciou na quinta-feira que vai perseguir os alegados “desinformadores” de casos como o ocorrido em Gilé e que vai reprimir com violência os ataques a autoridades e instituições públicas.
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