“Portugal destaca-se em 2019, mais uma vez, como o segundo país onde mais se confia em notícias (58%), sendo ultrapassado apenas pela Finlândia (59%), com a média relativa aos mais de 80 mil inquiridos a nível global situada nos 42%”, avança o relatório.
Porém, Portugal acompanha a tendência geral de decréscimo na confiança das notícias, com uma quebra de 4,2 pontos percentuais entre 2018 e 2019.
De acordo com o relatório, as notícias acedidas através de redes sociais revelam níveis de confiança baixos, na ordem dos 27%, mas este é o meio que os portugueses mais usam para chegar à informação ‘online’.
Os portugueses dizem confiar mais nos motores de busca (43,5%).
No caso do acesso direto a ‘sites’ de notícias, a quebra de confiança entre 2018 e 2019 foi de 3,8 pontos percentuais, situando-se este ano em 20,4%.
“O aumento das redes sociais como forma de acesso a notícias, quando o acesso direto aos ‘sites’ de notícias decresce evidencia uma tendência preocupante para as marcas portuguesas de notícias, uma vez que estarão cada vez mais dependentes destas plataformas” para distribuição de conteúdos, conclui a análise.
Em Portugal, a televisão continua a ser o meio mais usado para aceder a notícias, seguido pela internet, com a rádio e imprensa tradicionais a terem uma importância secundária enquanto fontes de informação.
Sobre a orientação política dos inquiridos no estudo, 27,2% dos portugueses dizem-se de esquerda, 42,1% posicionam-se ao centro, 9% dizem ser de direita e cerca de um quinto (21,8%) consideram-se indecisos ou indefinidos.
“O cruzamento desta variável com os diversos indicadores estatísticos revela que os portugueses indecisos ou indefinidos tendem a confiar menos em conteúdos noticiosos (49,3%)”, lê-se no documento.
São também os indecisos ou indefinidos politicamente que revelam ter menos interesse por política em geral a preocupar-se menos com a legitimidade de conteúdos noticiosos ‘online’, e os que têm uma visão menos positiva do papel do jornalismo contemporâneo.
A imprensa regional assume uma posição de relevo, com cerca de um quinto dos portugueses a afirmar ter lido alguma publicação local ou regional em formato tradicional no período em análise.
Segundo o relatório, a imprensa regional tem maior impacto no arquipélago da Madeira (37,3%), na região Centro (21,9%), nos Açores (21,3%) e no Alentejo (18,8%). Só na Área Metropolitana de Lisboa é que a leitura de algum jornal regional se posiciona abaixo dos 10%.
Portugal continua entre os países onde menos se paga por notícias ‘online’, já que em 2019 apenas 7,1% dos portugueses inquiridos afirmam tê-lo feito.
Também na amostra global os dados revelam que apenas 13% dos mais de 80 mil inquiridos dizem ter pago por notícias no ano anterior.
O Reuters Digital News Report 2019 é o oitavo relatório anual do Reuters Institute for the Study of Journalism e o quinto relatório a contar com informação sobre Portugal.
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