Uma porta-voz da STDM Tours Travel Agency Ltd disse à Lusa que a agência de viagens tem seis clientes nesta situação, todos em Portugal.
Uma outra agência, Sincerity Travel, tem “pelo menos 13” portugueses à espera, disse à Lusa a gerente, Sara Ng. “Todos os dias me ligam, às vezes à meia-noite [16:00 em Lisboa], a pedir notícias”, acrescentou.
A proibição, que entrou em vigor em 09 de janeiro, foi anunciada, na sequência da deteção de dois casos da variante Ómicron do novo coronavírus em residentes que chegaram ao território oriundos do estrangeiro e cumpriam quarentena obrigatória de pelo menos 21 dias.
As autoridades de Macau, que registou desde o início da pandemia 79 casos de covid-19, já admitiram a possibilidade de esta suspensão continuar em vigor depois de dia 23.
Com o Bilhete de Identidade de Residente de Macau a caducar em breve, a arquiteta Luísa Petiz disse estar apreensiva. “Tenho de fazer a renovação até ao início de fevereiro, caso contrário corro o risco de perder a residência”, explicou à Lusa.
Também Helena Marçal saiu da cidade em 18 de dezembro, pela primeira vez desde o início da pandemia, para visitar os filhos que vivem no Reino Unido. Ainda foi a tempo de antecipar o regresso a Macau, inicialmente previsto para 11 de janeiro.
“Ainda pensei em meter as férias todas deste ano e ficar até à reabertura dos voos, mas tive receio que isso não acontecesse de facto em 23 de janeiro e ficasse pendurada ‘sine die’ à espera de um voo”, considerou.
Inês Rebelo disse que a transportadora aérea Singapore Airlines, que opera o único voo entre Macau e o estrangeiro, só está a aceitar reservas para março, algo que originou receios de um prolongamento da suspensão.
A estagiária sublinhou temer falhar o exame final da Associação dos Advogados de Macau, que se realiza habitualmente no primeiro trimestre. Se isso acontecer: “tenho de me inscrever no próximo exame, no próximo ano; é desmotivador”.
Sara Ng disse acreditar que a Singapore Airlines decidiu “bloquear novas reservas de forma preventiva”, até uma nova decisão do Governo de Macau.
O cônsul-geral de Portugal em Macau, Paulo Cunha Alves, disse à Lusa que recebeu dois pedidos de apoio ou informação. O diplomata lembrou que a suspensão “é da competência das autoridades de Macau”, mas garantiu que o consulado “está a prestar todas as informações possíveis e em contacto regular com as autoridades locais”.
Tanto o Gabinete de Gestão de Crises de Turismo de Macau como o Consulado-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong sugeriram a Inês Rebelo regressar através da China continental.
“Não tenho alternativas enquanto o bloqueio estiver em vigor”, disse à Lusa o médico Yun Fee Lai, considerou que outras opções de regresso “são inviáveis para detentores de passaporte português”.
Esta alternativa exige um visto válido, difícil de obter devido à atual situação de pandemia e devido às restrições em vigor na China, e uma quarentena de no mínimo 21 dias, num hotel. “Não é muito útil”, lamentou Inês.
Em contrapartida, para os estudantes universitários em Portugal ou no Reino Unido, a suspensão não causou problemas, disseram à Lusa a Associação de Estudantes Luso-Macaenses e a Liga de Jovens de Macau no Reino Unido, uma vez que têm aulas presenciais e, no caso de Portugal, está a decorrer a época de exames.
A covid-19 provocou mais de 5,5 milhões de mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China.
Uma nova variante, a Ómicron, considerada preocupante e muito contagiosa pela Organização Mundial da Saúde (OMS), foi detetada na África Austral, mas desde que as autoridades sanitárias sul-africanas deram o alerta, em novembro, foram notificadas infeções em pelo menos 110 países, sendo dominante em Portugal.
Comentários