O governante foi o orador convidado de um almoço-debate organizado pelo Internacional Club of Portugal, em Lisboa, acerca de “Uma estratégia para Portugal a partir da Madeira”.
Para o presidente do governo madeirense, Portugal não cresceu nos últimos 16 anos e precisa de uma estratégia de crescimento económico que permita que as pessoas melhorem o seu rendimento, tenham salários mais sustentáveis em termos de crescimento e exista melhor distribuição da riqueza.
“O que é decisivo para termos crescimento económico não é o sol, não é o pastel de nata, não é a nossa simpatia. Esses mitos têm de desaparecer todos. Isso é tudo conversa para entreter criancinhas. [O que é decisivo] é nós olharmos para o exterior e criarmos mecanismos competitivos para vencer a nossa ultraperiferia e ganharmos escala”, defendeu.
“O que é fundamental para as pessoas investirem em Portugal é terem competitividade fiscal, ou seja, as empresas que vêm para cá terem vantagens fiscais, ter previsibilidade fiscal. Não se pode andar a alterar completamente a legislação todos os anos cada vez que vem um Governo deixa tudo alterado, [mas] fazer um código de investimento que dure 15 a 20 anos, que isso é fundamental com redução das taxas para a fixação das empresas e com benefícios para a criação de emprego”, explicou.
Miguel Albuquerque considerou que o país tem de manter-se integrado na União Europeia (UE), mas, para ganhar escala na Europa, precisa de uma estratégia centrada no Atlântico, porque “o mar vai ter uma importância decisiva” nos “próximos 30 ou 40 anos”, em “termos de obtenção de recursos”, alimentares, minerais, energéticos e farmacêuticos.
“Portugal tem uma posição central no Atlântico e, tendo essa posição central, o que Portugal tem a fazer é tirar vantagens dessa posição”, disse, realçando que o país “pode constituir-se numa potência de média dimensão atlântica, que vai aproveitar a revolução que se vai operar no mundo em novas dinâmicas económicas na energia e no comércio”.
Entre estas “novas dinâmicas” destacou os acordos económicos que a UE está em vias de assinar com o Canadá e, eventualmente, com os Estados Unidos da América, assim como a “revolução na geopolítica da energia”, na qual os norte-americanos “estão a ganhar uma dimensão crucial” na extração de gás, caminhando “para ser autossuficientes em termos energéticos” e “possivelmente começar a exportar o gás mais barato para outros sítios, designadamente para a Europa, cuja dependência energética neste momento da Rússia é muito grande”.
A Madeira pode ajudar o país “funcionando como um ‘up’ da internacionalização da economia portuguesa e um fulcro de entrada de investimento”, disse.
Algumas das “empresas mais avançadas do mundo neste momento”, algumas delas na área da biotecnologia, já estão sediadas no Centro Internacional de Negócios da Madeira, sublinhou.
“Temos de deixar de ter complexos. Nós temos que ganhar dinheiro em Portugal, temos de atrair as pessoas com dinheiro, temos de trazer as melhores empresas, que isso é o desenvolvimento do país. Eu não quero um tipo que traga 500 mil euros para aqui. Temos de ter é pessoas que tragam volume de investimento, que tragam ‘know-how’ para o nosso desenvolvimento”, afirmou.
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