“Os festivais onde cada comunidade possa mostrar as suas raízes e a sua diversidade cultural são muito importantes para que os migrantes e refugiados se sintam aceites e compreendidos”, disse à agência Lusa Argyro Moutzidou, fundadora do Festival de Multilinguismo de Salónica.
O festival, que no final de maio cumprirá a sua 8.ª edição, é organizado pela Direção de Educação e Desporto do Município de Salónica [a segunda maior cidade da Grécia], procurando “destacar o interculturalismo e o multilinguismo das cidades” e evidenciar “o potencial da interseção de culturas”, explicou Argyro Moutzidou.
O evento é um dos pilares do projeto europeu ‘SLYMS - Aprendizagem Sociocultural da Juventude nas Sociedades em Mobilidade’, que junta Portugal, Espanha e Grécia no objetivo de criar uma rede europeia para testar as vantagens da educação intercultural e multilingue na inclusão de migrantes e populações vulneráveis.
O arranque do projeto reuniu, entre segunda-feira e hoje, voluntários das instituições parceiras [a universidade de Tessália (UTH), a Associação Arsis e o município de Salónica, a Universidade de Pompeu/Fabra (Espanha) e a ONG portuguesa Conversas Associação Internacional (CAI) numa ação de formação, em Salónica.
A cooperação em rede “dos vários festivais multiculturais e multilingues da Europa” foi uma das propostas saídas do seminário, que contou com a participação de Henrique Costa Santos, produtor cultural do Festival “Todos”, cujo modelo Argyro Moutzidou considerou “uma grande valia que pode ser partilhada com as organizações de outros países que venham a integrar uma rede de festivais”.
Criado em 2009, o Festival ‘Todos’ – Caminhada de Culturas promove o diálogo entre culturas, a inclusão social e a recuperação de zonas degradadas, práticas que Argyro Moutzidou considera poderem ser alargadas ao festival de Salónica, que conta com “a participação de mais de 25 comunidades de migrantes”, oriundas de países como a Turquia, Arménia, Moldávia, Bulgária, Albânia, entre outros.
Considerada uma cidade “amiga dos migrantes”, Salónica conta atualmente com cerca de 12 mil migrantes para os quais a câmara “criou estruturas em termos de habitação, educação e suprimento das necessidades básicas”, bem como fomentou “a criação de grupos de apoio a refugiados”, explicou à Lusa Lázaros Panagiotidis, do departamento de programas co-financiados na Câmara de Salónica.
No encontro que hoje termina em Salónica, universidades e associações dos três países discutem a alteração dos modelos educacionais nos países envolvidos com a implementação de modelos com enfoque na educação intercultural e na aprendizagem não formal multilingue.
O projeto, financiado pelo programa europeu Erasmus Mais, inclui ainda a realização de 'workshops' nos três países participantes e duas conferências na Grécia, a primeira das quais decorrerá em abril e juntará, na Universidade da Tessália, especialistas a discutir a inclusão social através da educação informal e não formal.
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