“A democracia está ameaçada por este tipo de atos”, disse o chanceler alemão, Olaf Scholz, numa mensagem em que desejou a Matthias Ecke, eurodeputado do seu partido, no poder, que “enfrente o que entrou na sua vida como um horror”.
O atentado de sexta-feira à noite em Dresden, no leste da Alemanha, contra este eurodeputado, que também encabeça a lista do SPD na região da Saxónia para as eleições europeias, não é o primeiro a visar políticos alemães nos últimos meses, fazendo soar os alertas sobre a possibilidade de um crime com motivações políticas.
De acordo com a polícia regional, o eurodeputado de 41 anos foi espancado por quatro homens não identificados quando afixava cartazes de campanha do partido do chanceler Olaf Scholz, sendo obrigado a “receber tratamento médico no hospital”, acrescenta o comunicado citado pela agência francesa de notícias, a France-Presse (AFP).
“A confirmar-se um atentado com motivações políticas a poucas semanas das eleições europeias, este grave ato de violência constitui também um grave atentado à democracia”, reagiu a ministra do Interior, Nancy Faeser, num comunicado de imprensa, no qual considerou que esta é “uma nova dimensão de violência antidemocrática” e culpou “os extremistas e os populistas, que estão a alimentar um clima crescente de violência com ataques verbais totalmente desproporcionados”.
“As sementes lançadas pelo AfD e por outros extremistas de direita estão a germinar. Os seus apoiantes estão agora totalmente desinibidos e consideram-nos claramente democratas como um jogo”, lamentaram Henning Homann e Kathrin Michel, os líderes do SPD da Saxónia.
Na quinta-feira à noite, dois deputados eleitos pelos Verdes, partido que governa com o SPD, foram atacados em Essen, no oeste da Alemanha, tendo um deles sido atingido no rosto, segundo a polícia.
No sábado passado, várias dezenas de manifestantes atacaram a vice-presidente do Bundestag, Katrin Göring-Eckardt, eleita pelo Partido Verde, após um evento festivo no leste da Alemanha. O seu carro ficou bloqueado e foi necessário chamar reforços policiais para a deixar sair do local.
Estes ataques são o resultado da “retórica, da atmosfera criada, de virar as pessoas umas contra as outras e de as colocar umas contra as outras”, lamentou Olaf Scholz.
“Não devemos nunca resignar-nos a estes atos de violência, devemos opor-nos a eles em conjunto”, insistiu o chanceler.
De acordo com Armin Schuster, ministro do Interior da Saxónia, onde se realizará uma importante eleição regional em 1 de setembro, foram registados no Land, desde o início do ano, 112 crimes de motivação política relacionados com as eleições, 30 dos quais contra titulares de cargos políticos ou de mandatos eletivos.
“O que é absolutamente preocupante é a intensidade com que os ataques se multiplicam atualmente”, concluiu Schuster.
O SPD do estado da Saxónia está a reforçar as medidas de segurança impedindo que, a partir de agora, os seus membros levem a cabo ações de campanha sozinhos. Devem estar sempre em grupos de quatro ou cinco para poderem reagir a potenciais ataques. Além disso, a polícia será informada antecipadamente sobre a colocação de cartazes.
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