Uns de Aveiro, outros de Elvas, uns PSP outros GNR, as queixas de todos ultrapassam o atual Governo, apontam os dedos a outros anteriores, e dizem que “a injustiça é muita”.
“Quando a tensão vem crescendo chega a um ponto que é insuportável”, diz à Lusa um manifestante, da PSP, de forma calma, como foi calma a manifestação de hoje, segundo os organizadores uma das maiores, ao contrário de outras quase silenciosa, sem palavras de ordem ou cartazes, apenas para mostrar que as forças de segurança estão unidas.
A manifestação de hoje foi organizada pela plataforma composta por sete sindicatos da Polícia de Segurança Pública e quatro associações da Guarda Nacional Republicana.
Esta plataforma foi criada para exigir a revisão dos suplementos remuneratórios nas forças de segurança e o protesto surge na sequência “da luta pela dignificação das carreiras da PSP e GNR, que os sindicatos e associações consideram que têm sido desconsideradas pelo Governo, com a ‘machadada final’ a ser a secundarização da PSP e GNR na atribuição do suplemento de missão da PJ”.
Em frente da Assembleia da República os manifestantes cantaram o hino nacional, acenderam isqueiros, gritaram “Portugal”, “Justiça” e “Polícia unida, jamais será vencida”, terminando assim o protesto, na presença de um efetivo policial fardado mínimo e sem que estivesse visível sequer a polícia de intervenção.
Ao longo do percurso da marcha, do Largo do Carmo à Assembleia, o trânsito foi cortado pela Polícia Municipal e também não foi visível qualquer força policial fardada.
“Vai ser muito tranquilo, esta é uma manifestação simpática e simbólica”, assegurava à Lusa um elemento da GNR, de Elvas, explicando que todos estavam em Lisboa para “lutar pela igualdade e pelos direitos que não têm nestas anos todos”.
É “lutar pela dignidade da GNR e da PSP”, com condições de trabalho abaixo da média europeia, é “mostrar à sociedade civil o nosso descontentamento”.
Foi o que fizeram a descer a Calçada do Combro, a meio do percurso, entoando o hino e recebendo acenos de algumas janelas. No meio deles um polícia de Aveiro queixava-se da injustiça, outro dizia que o Governo tem sido negligente, que os carros da PSP estão mesmo “nas lonas”, e que, dizia outro, a PSP corre muitos mais riscos do que a Polícia Judiciária.
“Só vestir uma farda já é uma situação perigosa”, acrescentava o primeiro polícia, afirmando: “se somos um braço do Estado devíamos ter o apoio dele, e não temos”.
Com garantias de que vai continuar a participar nas manifestações, como o GNR já fizera antes, e já quase na Assembleia da República, deixa um lamento o polícia: “tudo o que se passa é um grande fator de desmotivação”.
Também local de encontros, de cumprimentos, de abraços e de alguma cerveja, a manifestação terminou pelas 21:00 como começara: tranquila, quase sem cartazes e palavras de ordem, sem barulho e sem discursos.
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