Especialistas da Aliança Global pelo Cancro da Mama Avançado vão estar reunidos em Lisboa a partir de hoje e irão discutir uma carta de objetivos para “melhorar o cuidado e sobrevivência dos doentes com cancro da mama avançado”, segundo explicou à agência Lusa a médica oncologista Fátima Cardoso.
Um dos objetivos traçados na carta é o aumento da média de vida para doentes com cancro da mama avançado para quatro a seis anos até 2025, quando atualmente a média se situa nos dois a três anos após o diagnóstico de metástases.
Fátima Cardoso lembra que houve, nos últimos anos, progressos no tratamento e diagnóstico do cancro da mama quando diagnosticado de forma precoce, mas que ainda existem “grandes lacunas” no que respeita ao cancro da mama avançado (que abarca o cancro da mama inoperável e o cancro da mama metastático).
“É um grupo de doentes habitualmente esquecido por todos os intervenientes. Quando se fala de cancro da mama associa-se à prevenção, à deteção precoce e [pensa-se] que se tudo se fizer corretamente é curável. E isto não é assim para cerca de um terço dos doentes nos países desenvolvidos, que, apesar dos melhores tratamentos, acaba por ter metástases. Esta é uma situação para já incurável”, salienta Fátima Cardoso, presidente da Aliança Global pelo Cancro da Mama Avançado.
Um relatório feito a nível mundial veio mostrar que, entre 2005 e 2015, houve uma estagnação da inovação científica na área do cancro da mama avançado, tendo como consequência que o tempo de vida médio dos doentes a partir do diagnóstico de metástases não tenha mudado nos últimos dez anos.
“Precisamos de dar um novo empurrão para que haja melhores desenvolvimentos que tenham impacto no tempo de vida dos doentes”, afirmou Fátima Cardoso à Lusa, adiantando que também na qualidade de vida dos doentes se deu uma estagnação.
Sentindo “a obrigação de melhorar a qualidade de vida dos doentes”, a Aliança Global pelo Cancro da Mama Avançado está a desenvolver “ferramentas específicas para medir a qualidade de vida no cancro avançado”.
Os doentes com cancro da mama avançado devem poder ter horário laboral reduzido ou flexibilidade nos horários, defendem ainda especialistas a nível mundial, lembrando que é também necessária alteração legislativa em Portugal.
De acordo com os organizadores da conferência internacional que decorre em Lisboa de hoje a sábado, estarão presentes mais de 1.200 participantes de cerca de 80 países.
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