Num jantar-comício do PCP, numa sexta-feira, em Coimbra, Paulo Raimundo repudiou as declarações do presidente do Santander Totta, Pedro Castro e Almeida, que criticou, na quinta-feira, os comportamentos dos portugueses, com "padrões de consumo elevados, a jantarem fora à sexta-feira" à noite.
“Pois, aqui estamos nós, numa sexta-feira, a jantar”, afirmou o secretário-geral do PCP.
Lembrando que o banco que Pedro Castro e Almeida lidera teve lucros de 568,5 milhões de euros, Paulo Raimundo recordou que a banca privada portuguesa “lucrou qualquer coisa como 4,4 milhões de euros por dia”, em 2022.
“À custa de quem é que isto foi? À custa dos que têm jantar à sexta-feira, dos que mal podem jantar à segunda e dos que trabalham à sexta, à quinta e a todos os dias”, vincou.
Paulo Raimundo recordou que, “volta não volta”, os portugueses são “brindados com declarações de quem, do alto do seu pedestal, vai dando sugestões” de como é que estes devem viver, resgatando as declarações do presidente do BPI, Fernando Ulrich, - “Ai, aguenta, aguenta” - , e da sugestão da presidente do Banco Alimentar, Isabel Jonet, para as pessoas passassem a comer menos bifes, ambas proferidas na altura da ‘troika’.
Para o líder comunista, “os tais partidos das contas certas” estão ao serviço de pessoas como Pedro Castro e Almeida e dos “5% mais ricos em Portugal, que concentram 42% de toda a riqueza do país”.
“O que é preciso é enfrentar os lucros vergonhosos da banca, investir na habitação e travar a subida das rendas e o aumento das prestações”, defendeu.
Durante o seu discurso de cerca de 20 minutos, Paulo Raimundo criticou também o primeiro-ministro, considerando que o atual Governo tomou a opção de “não responder aos problemas concretos da vida” de todos os portugueses.
O secretário-geral PCP sinalizou ainda que PS, PSD, CDS-PP, Chega e Iniciativa Liberal, poderiam ter acompanhado os comunistas no travão ao aumento dos preços de bens essenciais, na taxação de lucros decorrentes da especulação, ou no aumento de salários, pensões e apoios sociais.
“Podiam mas não o fazem. E não o fazem, caros camaradas e amigos, porque estão todos comprometidos. É verdade que divergem no ritmo e que há uns mais acelerados do que outros, mas o carril em que se movimentam é exatamente o mesmo. O que precisamos não é de ritmos diferentes com outros protagonistas, o que precisamos é de mudar esse carril, é de mudar de rumo”, asseverou.
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