"Percebe-se que Cavaco Silva queira mostrar que existe. O PCP afirma e afirmará o direito do país a um desenvolvimento soberano inseparável da libertação da submissão às imposições da União Europeia e ao euro", lê-se numa resposta escrita dos comunistas à agência Lusa, na sequência da entrevista do antigo chefe de Estado emitida hoje pela TSF.
Cavaco Silva afirmou ter antecipado que "a ideologia acabaria por ser derrotada pela realidade", referindo-se à atual solução de Governo minoritário do PS com apoio parlamentar de BE, PCP e PEV.
"Na parte económica - porque essa era, em grande parte, imposta a Portugal, vinda da interdependência dos países que são membros da zona do euro. Mas, houve uma coisa em que eu não acertei. Eu nunca pensei que o BE e o PCP se curvassem com tanta facilidade a essa realidade. Que viessem a aceitar tão facilmente aquilo com que anteriormente atacavam com grande violência o Governo de Passos Coelho, em particular em matéria orçamental", disse o antigo Presidente da República e ex-líder do PSD.
Questionado se BE e PCP "foram demasiado dóceis com [o primeiro-ministro] António Costa, até agora", Cavaco Silva insistiu no verbo ‘curvar’.
"Eu acho que se têm curvado de uma forma que eu nunca pensei que se curvassem. Repare, sobre o défice orçamental, o que disseram no passado quando o Governo tentava reduzir o défice orçamental. Agora eles aceitam com toda a facilidade a imposição do ministro das Finanças", afirmou.
Para o PCP, "o que Cavaco Silva não tolera, nem se conforma, é com o facto de o PCP não se curvar aos seus objetivos, à sua obsessão de querer manter o país, os trabalhadores e o povo amarrados à marcha de exploração, empobrecimento e saque de recursos nacionais".
"Enquanto primeiro-ministro antes, e Presidente da República depois", Cavaco Silva "sempre procurou garantir" a referida "marcha de exploração", acrescentam os comunistas, destacando "a patética tentativa de manter com vida o Governo PSD/CDS, que havia sido política e socialmente condenado nas eleições de 2015".
Cavaco Silva apresentou esta semana o segundo volume das suas memórias políticas, intitulado “Quinta-feira e outros dias: da Coligação à 'Geringonça'", que incide principalmente sobre o segundo mandato como Presidente da República, entre 2011 e 2016.
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