Jerónimo de Sousa defendeu o "direito à igualdade da mulher no trabalho, na vida, na profissão, na sociedade, na política" e recordou os seus tempos de sindicalista quando havia uma norma no contrato coletivo de trabalho sob a qual as mulheres receberiam sempre menos 10% que os homens, independentemente de fazer trabalho igual ou superior, "felizmente revogada".
Para o secretário-geral do PCP há uma "tentativa de identificação das mulheres num grupo social homogéneo em oposição a outro grupo social, o dos homens, em que a cultura masculina é erigida a causa e responsável pelas injustiças e desigualdades", num conjunto de "teses" que visam limitar, e mesmo impedir, que milhares de mulheres ganhem consciência de que o que determina a sua condição social e o seu estatuto (...) é a classe social a que pertencem".
"Independentemente da conceção de que a emancipação da mulher é obra da própria mulher, é importante que estejamos juntos - homens e mulheres. Não há aqui uma guerra de sexos, não é isso que é marcante e determinante. O determinante são as relações sociais em que de um lado existem exploradores e do outro mulheres exploradas", afirmou.
Jerónimo de Sousa lamentou a atual situação em Portugal que, "resultante da precariedade e da desregulação dos horários, continua a infernizar a vida de muitas mulheres trabalhadoras".
"O que alguns propõem, com grande alarido, é incentivar a luta das mulheres não para que a eliminação das causas das desigualdades, discriminações e violências tenha êxito, mas para promoverem ‘bodes expiatórios' que sirvam de amortecedores sociais, perante o crescente protesto e indignação de milhões de mulheres e manter tudo na mesma", afirmou.
O líder comunista assumiu a necessidade da "igualdade salarial entre mulheres e homens, tendo por base a valorização dos salários de todos os trabalhadores" e a "eliminação da desregulação dos horários de trabalho" e 35 horas [de trabalho semanal] para todos.
"Consideramos que, independentemente de avanços jurídicos, tem de se reconhecer a realidade do país. Apesar de alguns avanços significativos, as mulheres continuam a ser discriminadas, a sofrer, particularmente, na desigualdade de salários e horários de trabalho para organizarem as suas vidas em família, no lazer, no descanso", declarou.
O PCP tem como "prioridades" a "efetivação dos direitos de maternidade e paternidade, pois "as mulheres têm o direito de ser mães quando decidem sê-lo e o país precisa de crianças", além "da necessidade de ser planeada e concretizada no país uma rede pública de creches, de qualidade e a preços acessíveis, bem como de apoio aos idosos, às pessoas com deficiência e às mulheres vítimas de violência", entre outras medidas.
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