“O ministro das Finanças ainda recentemente voltou a dizer que o que se tinha passado nos últimos quatro anos na Caixa Geral de Depósitos era uma falta de vergonha. Pois bem, senhor ministro das Finanças, o que é uma falta de vergonha é andar anos a ser cúmplice – como foi o Governo que antecedeu o do PSD e o do CDS - com um comportamento do principal banco público irresponsável que obrigou nos últimos anos ao reconhecimento de mais de cinco mil milhões de imparidades por créditos que foram atribuídos, não durante a nossa gerência, mas durante a gerência anterior”, disse hoje Passos Coelho.
O líder do PSD discursava em Rabo de Peixe, concelho da Ribeira Grande, no encerramento do congresso regional do PSD/Açores, ocasião em que considerou que “talvez o ministro das Finanças possa usar um bocadinho do seu discurso para dizer porque é que falta capital na Caixa”, problema que, assegurou, não ocorreu quando foi chefe do Governo.
“Mas não deixa de ser significativo que, tendo o ministro tanta preocupação em chamar a atenção para o que se passou no passado, não consiga, ao cabo de um ano, resolver sequer o problema da administração do principal banco português”, referiu.
Passos Coelho adiantou que continua sem se saber “qual é o plano de recapitalização e o plano de reestruturação”.
“Foi preciso o presidente que foi nomeado para a Caixa pelo próprio Governo zangar-se com o Governo para ir ao parlamento dizer o que era o plano. Até hoje ainda não se ouviu os responsáveis do Governo prestar ao parlamento a informação que todas as semanas, cirurgicamente, enviam para a comunicação social”, declarou, considerando que “para quem está hoje no Governo em Portugal a comunicação social merece mais respeito do que o parlamento”, o que “não é um bom princípio”.
O Governo, liderado pelo socialista António Costa, tomou posse no final de 2015 quando estava na CGD a administração liderada por José de Matos, que o executivo quis substituir logo no início de 2016, mas cujo mandato se prolongou até final de agosto passado.
A administração de António Domingues entraria em funções no final de agosto, mas várias polémicas, sobretudo em torno da exceção ao estatuto do gestor público levaram à saída da maioria dessa equipa em dezembro.
A semana passada, o ministro das Finanças, Mário Centeno, considerou que a fase de transição entre a saída de António Domingues da liderança CGD e a entrada em funções do próximo presidente, Paulo Macedo, não criou um vazio de poder no banco.
Sobre o salário mínimo nacional, Passos Coelho perguntou “quando acaba este populismo barato de andar a fixar aumentos” politicamente com o Bloco de Esquerda e com o Partido Comunista, “requerendo depois aos outros partidos que possam compensar os danos sobre as empresas que eles provocam para defender a competitividade da economia”.
“Nós percebemos que os parceiros [da Concertação Social] procurem defender-se o melhor possível sobre esta chantagem política, mas não contam connosco para perpetuar esta chantagem”, afiançou, para depois acrescentar que também não contem com o PSD “para a agenda das reversões, nem para fazer de peça sobressalente na ‘geringonça’ que está cada vez mais tremida”.
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