No debate de urgência requerido pelo Chega sobre “o caos instalado nos serviços de urgência de ginecologia e obstetrícia do país”, o deputado do PSD Rui Cristina afirmou que o PS “não pode negar as suas enormes responsabilidades pela grave situação em que se encontra o Serviço Nacional de Saúde [SNS]”, que está “abandonado à sua sorte, sem uma única reforma estrutural nos últimos sete anos”.
Considerando que “o Governo acordou agora para a crise nas urgências, mas acordou muito tarde” e que a situação poderia ter sido evitada, o social-democrata criticou o plano de contingência anunciado pela ministra da Saúde, alegando que “não resolve problemas nenhuns” e “mais não parece do que um exercício de má-fé”.
“O PS tem maioria absoluta, o que quer dizer que não tem desculpa para não fazer reformas”, salientou.
André Ventura, do Chega, assinalou que o país não precisa de “planos de contingência que de contingência não têm nada e que soluções não apresentam nenhumas”.
João Cotrim Figueiredo, da Iniciativa Liberal, considerou que esta situação “é um colapso do SNS” e “tem um responsável”, o primeiro-ministro.
O líder liberal argumentou que o plano anunciado pelo Governo “não é mais do que um penso rápido para tratar qualquer fratura exposta” e salientou que o SNS “tem que ser profundamente reformado”.
Por sua vez, o deputado comunista João Dias afirmou que uma das principais causas da situação atual do SNS é a “desvalorização dos profissionais de saúde” e considerou também que o plano de contingência “não responde de imediato” ao problema, com exceção da questão da remuneração dos médicos nas urgências.
O deputado do BE Pedro Filipe Soares afirmou ser inaceitável que “um tarefeiro, numas urgências de um hospital, ganhe num turno de 24 horas o mesmo que um profissional contratado pelo SNS ganha num mês de trabalho” e argumentou que foi no mandato da atual ministra que aumentou o investimento e o recurso aos privados.
Pelo PS, o deputado Luís Soares assinalou que o que “está subjacente ao debate de hoje não é a preocupação com os portugueses nem com o SNS, é a preocupação de deitar abaixo uma ministra” e defendeu que “só há um partido que identificou os problemas e as soluções [no seu programa eleitoral], esse partido foi o PS”.
Antes, Jorge Botelho, também da bancada socialista, falou em "fechos pontuais de urgências de ginecologia e obstetrícia em vários hospitais do país" e salientou que "nestes últimos dias o SNS teve muitas outras atividades, programadas ou não, nas urgências".
E defendeu que "é preciso tomar medidas de imediato" para evitar que situações como a morte do bebé no Hospital das Caldas da Rainha aconteçam de novo, a par de "continuar a investir" no SNS, "melhorar as condições de trabalho no SNS" e avançar com o "regime de dedicação plena dos profissionais".
Por seu turno, a deputada única do PAN, Inês Sousa Real, criticou o Governo por andar “a correr atrás do prejuízo” e alertou que esta situação pode ser a “ponta do icebergue”.
O deputado único do Livre pediu que se olhe para “o que talvez não tenha sido feito durante a pandemia e que é possível fazer num curto e médio prazo para resolver os problemas” atuais.
Nos últimos dias têm-se sucedido encerramentos das urgências de ginecologia e obstetrícia um pouco por todo o país, por dificuldades em assegurar escalas de profissionais.
A ministra da Saúde anunciou um “plano de contingência” até setembro para fazer face ao problema que se vive no setor, com a criação de uma comissão para acompanhar a resposta das urgências de ginecologia e obstetrícia e bloco de partos dos hospitais, a abertura de cerca de 1.600 vagas para médicos recém-especialistas e a atualização salarial para clínicos em serviço de urgência.
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