No Parlamento Europeu, os representantes de interesses (lobistas) das empresas ou grupos privados têm obrigatoriamente de estar identificados. No entanto, por precaução, os representantes ligados à fabricante chinesa Huawei não deverão participar mais na instituição.

“A 14 de março, o Parlamento Europeu decidiu, como medida de precaução, suspender o acesso ao Parlamento dos representantes ligados à empresa Huawei, com efeitos imediatos”, indicou à agência Lusa fonte oficial da assembleia europeia.

A informação surge um dia depois de as autoridades belgas terem realizado uma vintena de buscas no âmbito de uma investigação de corrupção no Parlamento Europeu envolvendo lobistas da chinesa Huawei e que terá ramificações em Portugal, segundo noticiou o jornal belga Le Soir.

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O governo chinês pediu que não se politize questões comerciais nem se recorra a medidas “infundadas” para reprimir empresas chinesas além-fronteiras, mas Bruxelas avançou com a nova medida.

Entretanto, foram detidas várias pessoas no decorrer da investigação, anunciou o Ministério Público Federal belga, que referiu ainda a realização de uma busca em Portugal. Nuno Wahnon Martins, consultor português em assuntos europeus, foi detido pela judiciária belga esta quinta-feira, em França.

Contactada pela Lusa, a Polícia Judiciária confirmou estar a colaborar com as autoridades belgas, mas não acrescentou mais pormenores.

A investigação suspeita que tenha havido transferências feitas para beneficiar a Huawei, na forma de remunerações ou presentes excessivos. Durante as buscas, os agentes "apreenderam vários documentos e objetos, que serão cuidadosamente analisados".

De acordo com o código de conduta dos eurodeputados, qualquer objeto oferecido por um terceiro de valor superior a 150 euros deve ser declarado e inscrito publicamente no registo de ofertas.