"O paradigma da floresta tem obrigatoriamente de mudar porque está provado que as medidas que têm estado a ser tomadas não resultam. Portanto, temos de voltar a estudar mais e direcionar a nossa investigação e objetivos para outros paradigmas", afirmou à agência Lusa a também professora e investigadora da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), em Vila Real.
A "grande" questão está na floresta e na forma como é necessária encará-la, referiu, sublinhando que a floresta não é só um bem produtor de madeira, mas sim um ecossistema que tem de estar equilibrado.
"Até há pouco tempo, olhávamos para ela como floresta de produção. O que queríamos era produção de madeira, o que queríamos era crescimento. Hoje, queremos, e é por isso que temos de lutar, uma floresta sustentável", vincou.
E acrescentou: "Ninguém pode dizer vamos retirar o eucalipto do nosso país porque é uma espécie importantíssima para a indústria da pasta e do papel que, por sua vez, é importantíssima para a economia do país, mas vamos fazer com que esse eucalipto seja gerido e seja plantado de uma forma sustentável. Os nossos proprietários precisam de ter mais conhecimento".
Relativamente aos incêndios de Pedrógão Grande e aos que deflagraram no último fim de semana nas zonas Norte e Centro, a professora lembrou que são situações "muito dramáticas", mas também "pontuais".
"Não é normal em outubro termos temperaturas de 30 graus ou mais. Foram situações muito dramáticas, mas igualmente pontuais e que mostraram muitas fragilidades nos sistemas de combate e de coordenação", considerou.
Emília Calvão Silva, que apesar de recém-eleita ainda não assumiu a liderança da Sociedade Portuguesa de Ciências Florestais, disse que os tempos atuais, o flagelo dos incêndios dos últimos meses e a quantidade de área ardida trazem "imensos" desafios.
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