O avião da Alitália que levou o pontífice à Irlanda desembarcou às 09:26 locais (mesma hora em Lisboa) no aeroporto de Dublin, de onde será transferido para a residência do presidente irlandês Michael D. Higgins para a cerimónia oficial de boas-vindas.
A primeira e única visita de um papa à Irlanda até hoje foi feita por João Paulo II em 1979. Francisco chega a um país diferente, no qual a igreja católica perdeu influência e apoio devido aos milhares de casos de abusos cometidos há décadas por religiosos contra menores e mulheres.
Esta é a 24ª viagem ao exterior do papa Francisco, que ocorre num momento que está a abalar a igreja católica, com revelações, na semana passada, de antigos abusos sexuais perpetrados pelo clero nos Estados Unidos.
Segundo indicou na terça-feira o porta-voz do Vaticano, Greg Burke, o papa Francisco vai encontrar-se com vítimas de abusos sexuais durante a viagem à Irlanda.
O diretor do gabinete de imprensa do Vaticano reconheceu que o escândalo dos abusos cometidos no passado por eclesiásticos na Irlanda é um tema incontornável na deslocação.
Oficialmente, o papa vai encerrar em Dublin o IX Encontro Mundial das Famílias, que começou na terça-feira.
“Qualquer viagem à Irlanda não seria apenas sobre a família”, admitiu Greg Burke, acrescentando, no entanto, que o papa vai falar sobre a família.
O enorme escândalo de pedofilia, revelado na semana passada no seio do clero católico dos Estados Unidos, levou na segunda-feira o papa Francisco a dirigir uma carta ao “Povo de Deus”.
“Reconhecemos que não estivemos lá, onde devíamos, que não agimos em tempo útil ao reconhecer a amplitude da gravidade dos danos infligidos a tantas vidas. Negligenciámos e abandonámos as crianças”, escreveu o papa na missiva.
Uma investigação dos serviços da procuradoria da Pensilvânia divulgada na semana passada revelou os abusos sexuais, encobertos pela igreja católica daquele Estado norte-americano e perpetrados por mais de 300 “padres predadores”, de que foram vítimas, pelo menos, mil crianças.
O Encontro Mundial das Famílias — organizado a cada três anos e que alia celebrações a mesas redondas temáticas — termina na presença do papa com um “festival de famílias” no sábado e uma missa solene no domingo.
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