O anuncio foi hoje feito pelo bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, após ter acompanhado um grupo de recém-especialistas da área hospitalar que entregaram no Parlamento uma carta aberta a contestar o facto de 700 profissionais estarem há largos meses à espera da abertura de concurso.
O bastonário explicou que estas duas “formas inéditas” dos médicos protestarem contra o estado do SNS, que considerou “mau”, visam alertar a tutela para as situações de “deficiência e insuficiência” que atingem o setor.
Em relação à morada eletrónica (denuncias@ordemdosmedicos.pt), Miguel Guimarães espera que possa ser um meio para a OM conhecer os problemas que atingem os hospitais.
A outra medida pretende alertar o ministro da Saúde, mas também o da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, para “os problemas que pode causar a dita medicina tradicional chinesa”, a propósito da publicação da portaria que valida a criação de ciclos de estudo que conferem o grau de licenciado em medicina tradicional chinesa.
A portaria foi publicada este mês e recebeu a contestação imediata da OM, que acusou o Governo de ameaçar a saúde dos portugueses validando cientificamente práticas tradicionais chinesas através de uma licenciatura.
Na Comissão Parlamentar de Saúde, Miguel Guimarães esteve acompanhado de médicos recém-especialistas que aguardam colocação há meses, bem como por representantes da Federação Nacional dos Médicos (FNAM) e do Sindicato Independente dos Médicos (SIM).
Com 3.000 assinaturas, entre as quais nomes como o cirurgião Gentil Martins ou o especialista em transplantes Linhares Furtado, a carta foi apresentada por Miguel Guimarães como “feita por jovens médicos que esperam por concurso há meses, alguns há um ano”.
Para o bastonário, esta é “uma situação única”, uma vez que estas centenas de recém-especialistas aguardam há tanto tempo por concurso, apesar das carências destes profissionais nos hospitais.
Sobre a justificação do ministro da Saúde, que quarta-feira disse que está no Ministério das Finanças o processo para abrir o concurso para estes médicos, Miguel Guimarães disse que a mesma não pode ser aceite.
“Não podemos aceitar que as responsabilidades se passem para as Finanças”, afirmou, lembrando que “quem manda na saúde é o ministro da Saúde”.
Inês Mesquita, anestesiologista que aguarda pela abertura do concurso e que hoje esteve presente no Parlamento, apelou à ajuda para que estes médicos possam ajudar os portugueses.
“Temos de estar nos hospitais que nos deram a formação e não onde somos necessários”, lamentou, mostrando disponibilidade para ocupar uma vaga num hospital carenciado da sua especialidade.
Para o presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, o ministro da Saúde “não é capaz de fazer o trabalho que lhe compete”.
O médico classifica como “paradoxo” a existência de 700 médicos a aguardar colocação, quando existem tantas unidades onde são precisos.
A situação foi igualmente lamentada por Guida da Ponte (FNAM) e José Carlos Almeida (SIM), para quem a situação é “incompreensível”.
O vice-presidente da Comissão Parlamentar da Saúde, Moisés Ferreira, garantiu aos promotores da carta aberta que o atraso nos concursos para a colocação destes médicos está a ser acompanhado por este grupo.
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