"Neste momento não há qualquer critério para definir quem é optometrista e isto ocorre ao fim de 30 anos de formação no ensino superior", disse à agência Lusa o presidente da Associação de Profissionais Licenciados de Optometria (APLO), Raul Sousa.
Os optometristas gritam palavras de ordem como "30 anos de formação ainda sem regulamentação" e "mais saúde, melhor saúde. Mais visão, melhor visão".
Munidos de apitos, que sopram ininterruptamente, exibem cartazes em que pedem a integração no SNS e uma faixa na qual se lê "juntos pela saúde da visam, optometristas em luta pela regulamentação ".
Segundo explicou a Associação de Profissionais Licenciados de Optometria (APLO) em finais de novembro, em causa está uma proposta de Regulamentação e Integração de Optometristas no SNS rejeitada terça-feira na Assembleia da República, com o voto contra da bancada do PS e com a abstenção dos deputados do PSD. A proposta teve votos favoráveis do PCP, do BE e do CDS-PP.
“Após vários anos de debate parlamentar, inúmeras audiências e esclarecimentos com diferentes deputados, acreditamos que não podemos continuar a explicar, no parlamento, os benefícios para os utentes da regulamentação e integração de optometristas no SNS. Chegou a altura do Governo se responsabilizar, e muito especificamente o Ministério da Saúde, pelas limitações no acesso a cuidados de saúde visual”, referiu Raul Sousa, presidente da APLO, num comunicado a 28 de novembro.
O mesmo responsável adiantou que o Governo “continua a ser complacente com o exercício da profissão de optometrista por qualquer pessoa, sem qualquer validação das suas competências, facto denunciado pela APLO inúmeras vezes”.
“De notar que esta situação conta também com a complacência de quem simultaneamente se opõe à regulamentação, permitindo o exercício por qualquer pessoa e depois acusa a classe optométrica de heterogeneidade, perpetuando o estado atual da situação dos cuidados da saúde da visão em Portugal”, acrescentou.
Para Raul Sousa, “o país tem de levar em conta as recomendações da Organização Mundial de Saúde e da prática da profissão de Optometrista na União Europeia e no mundo”.
O representante dos optometristas considera que “o Governo não está a agir na defesa dos interesses da população e ainda não apresentou uma única solução viável para a redução das listas de espera para primeira consulta de Oftalmologia, que já ultrapassa as 200 mil consultas anuais”.
A APLO defende que a integração de optometristas no SNS é a solução para resolver o problema crónico na lista de espera de Oftalmologia e para melhorar o acesso de todos os portugueses aos cuidados necessários para a saúde da visão, solução que é também defendida pela Organização Mundial de Saúde e pela Agência Internacional para a Prevenção da Cegueira.
A APLO apresenta os optometristas como “a maior classe profissional de prestadores de cuidados para a saúde da visão, em Portugal” e atualmente conta com cerca de 1.145 membros.
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