A iniciativa serviu para homenagear as 92 pessoas mortas desde o passado dia 1 de abril, durante manifestações a favor e contra o Governo, e assinalou ainda a transferência do líder da oposição Leopoldo López de um estabelecimento prisional militar para prisão domiciliária.
Com mais de 1.500 feridos e centenas de detidos, a oposição promete intensificar as ações de protesto e desobediência ao regime, que hoje iniciou a campanha para a eleição de uma Assembleia Constituinte, que segundo o Governo facilitará o diálogo nacional, mas que a oposição diz ter como objetivo moldar a Constituição para instaurar um sistema comunista, inspirado no de Cuba.
Em Chacaíto (leste de Caracas) no local onde, no passado, Leolpodo López se entregou às autoridades que o condenaram a 14 anos de prisão, a oposição anunciou uma nova agenda de protestos que prevê a realização de manifestações durante os próximos sete dias, a começar com um bloqueio de estradas na segunda-feira.
Na terça e quarta-feira vão realizar-se assembleias populares nos Comandos de Resistência, na quinta-feira está marcado um protesto nacional e na sexta-feira a oposição prevê realizar uma caravana.
Para domingo, dia 16, a oposição está a convocar os venezuelanos para uma consulta popular, em diversos sítios, para decidir se querem continuar a ser governados por Nicolás Maduro.
Nesse dia os venezuelanos devem decidir ainda se aprovam a proposta de eleição da Assembleia Constituinte, feita pelo chefe de Estado, e quais as funções que devem ser atribuídas às forças armadas venezuelanas.
Na Venezuela, as manifestações a favor e contra o Presidente Nicolás Maduro intensificaram-se desde o passado dia 1 de abril, depois de o Supremo Tribunal de Justiça divulgar duas sentenças que limitavam a imunidade parlamentar e em que aquele organismo assumia as funções do parlamento.
Entre queixas sobre o aumento da repressão, os opositores manifestam-se ainda contra a convocatória a uma Assembleia Constituinte, feita a 1 de maio pelo Presidente Nicolás Maduro.
A pesar dos protestos o Presidente Nicolás Maduro se tem negado a libertar os presos políticos, a abrir um canal humanitário para a entrada de alimentos e medicamentos. Fora da agenda governamental está ainda a insistência opositora da realização de eleições presidenciais antecipadas no país e também as eleições regionais que, segundo a legislação em vigor, deveriam ter ocorrido até dezembro de 2016.
O Governo venezuelano acusa a oposição de promover grupos violentos e "terroristas" para desestabilizar o seu regime, enquanto os opositores reclamam da crescente repressão das forças de segurança, que atacam a população desarmada e envolvida em manifestações pacíficas.
A oposição tem denunciado, através de vídeos, que os "coletivos" (grupos de civis armados, que se deslocam de mota, afetos ao regime) atacam manifestantes da oposição, responsabilizando-os inclusive por algumas das mortes ocorridas.
A Guarda Nacional Bolivariana (polícia militar) tem sido responsável pelas detenções de opositores, que desde há semanas estão a ser submetidos a julgamentos em tribunais militares, situação questionada pelo Ministério Público e por organizações não governamentais, que acusam as forças de segurança de cometer abusos.
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