“Precisamos garantir que não existe uma consequência acidental de sairmos sem acordo da União Europeia como consequência de uma eleição”, afirmou o líder parlamentar do partido Nacionalista Escocês (SNP), Ian Blackford, em declarações à BBC.
Blackford disse que a oposição pretende que o projeto de lei que força o Governo a pedir um adiamento do ‘Brexit’ por três meses, de 31 de outubro para 31 de janeiro, é promulgado e cumprido pelo primeiro-ministro, Boris Johnson.
Na quinta-feira, Johnson disse que “preferia estar morto numa valeta” do que pedir a Bruxelas um novo adiamento, o qual considera “inútil”, desafiando a oposição a apoiar a proposta de eleições antecipadas.
“Todos sabemos o que ele está a tentar fazer. Ele está a tentar frustrar a vontade do Parlamento e já está a suspender o Parlamento. Nós vamos chamá-lo à responsabilidade, vamos escolher o momento dessa eleição”, acrescentou o dirigente político escocês.
A líder parlamentar dos nacionalistas galeses do Plaid Cymru, Liz Saville Roberts, confirmou que esta foi a decisão da reunião, que também incluiu os Liberais Democratas e Partido Trabalhista.
“Estávamos unidos na nossa opinião, a nossa prioridade é, claro, impedir um ‘Brexit’ sem acordo”, vincou, também, em declarações à BBC, dando a entender que os partidos preferem uma eleição depois de 31 de outubro.
“Nós somos partidos da oposição. Todos nós queremos uma eleição nacional. Todos nós damos prioridade à necessidade de passar o dia 31 de outubro. Depois do dia 31 de outubro sim, prevejo que pode haver uma eleição nacional”, adiantou Saville Roberts.
O partido Trabalhista não foi tão longe nos comentários ao resultado da reunião, realizada por teleconferência, tendo apenas confirmado, em comunicado que foram discutidos os esforços em curso para impedir um ‘Brexit’ prejudicial sem acordo e realizar uma eleição nacional uma vez que isso esteja garantido”.
O Governo britânico anunciou na quinta-feira que pretende submeter ao Parlamento novamente na segunda-feira uma proposta para realizar eleições antecipadas a 15 de outubro.
A mesma proposta foi inviabilizada na quarta-feira pela oposição, pois o Governo precisava do apoio de 434 deputados, correspondentes a dois terços do total dos membros da Câmara dos Comuns, mas só conseguiu 298 votos a favor.
O líder do partido Trabalhista justificou a posição com a necessidade de garantir que o projeto de lei é promulgado, o que o Governo prometeu agilizar, ao facilitar o processo legislativo para que seja concluído na segunda-feira.
A proposta de eleições antecipadas foi feita após uma derrota na Câmara dos Comuns na terça-feira, que permitiu à oposição e a um grupo de deputados conservadores introduzir legislação para impor um novo adiamento do ‘Brexit’ e impedir uma saída sem acordo em 31 de outubro.
O texto exige que o primeiro-ministro britânico peça uma nova extensão da data de saída até 31 de janeiro caso o parlamento não aprove um acordo de saída ou não autorize uma saída sem acordo até 19 de outubro.
A extensão precisa depois de ser deferida unanimemente pelos restantes 27 Estados membros da UE.
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