Os agentes da Polícia Judiciária (PJ) “quiseram ter acesso a dois procedimentos em concreto. Foi-lhes dada toda a informação e documentação que pediram. Também estiveram reunidos com o presidente da Câmara e depois foram embora. Foi uma coisa muito rápida, demorou cerca de duas horas”, disse à Lusa Edson Santos.
O autarca explicou também que entre os documentos solicitados pelos inspetores estão dois contratos por ajuste direto assinados com a operadora de transportes públicos Transdev, no período de 2017/2018.
Edson Santos adiantou ainda que, atualmente, a autarquia liderada por Jorge Almeida (Juntos – Movimento independente) continua a trabalhar com aquela empresa na área dos transportes escolares e transportes ocasionais.
“Temos vindo a fazer contratos públicos já há algum tempo e alguns pequenos ajustes diretos”, afirmou.
A PJ realizou na quarta-feira buscas em 18 câmaras municipais do Norte e Centro do país, num processo em que a operadora de transportes públicos Transdev também é visada.
As 18 câmaras municipais alvo de buscas foram as de Águeda, Almeida, Armamar, Belmonte, Barcelos, Braga, Cinfães, Fundão, Guarda, Lamego, Moimenta da Beira, Oleiros, Oliveira de Azeméis, Oliveira do Bairro, Sertã, Soure, Pinhel e Tarouca.
As autoridades constituíram cinco arguidos no âmbito da operação "Rota Final", entre eles o antigo presidente da Câmara Municipal da Guarda Álvaro Amaro, recém-eleito eurodeputado, disse hoje à agência Lusa fonte policial.
Na quarta-feira, uma nota publicada na página da internet da Procuradoria-Geral Distrital de Coimbra (PGDC) dava conta de que quatro pessoas, entre ex-autarcas, funcionários de autarquias e de uma empresa de transportes, tinham sido constituídas arguidas neste inquérito, que investiga um alegado esquema fraudulento de viciação de procedimentos de contratação pública.
Segundo a fonte policial, uma quinta pessoa, que se encontrava no estrangeiro, chegou na quarta-feira a Portugal e também foi depois constituída arguida.
Vários órgãos de comunicação social noticiam hoje que os ex-presidentes das câmaras de Lamego e de Armamar (Francisco Lopes e Hernâni Almeida, respetivamente), um funcionário da câmara de Lamego e um administrador do Grupo Transdev são os outros quatro arguidos.
A nota da PGDC explica que a “investigação visa esclarecer os termos em que o Grupo Transdev obteve contratos e compensações financeiras com autarquias das zonas Norte e Centro do país”.
“Em causa estão indícios de tráfico de influência, participação económica e corrupção, entre outros crimes. O inquérito encontra-se em segredo de justiça e as investigações prosseguem na Polícia Judiciária”, acrescenta a nota da PGDC.
Ao todo, foram 50 as buscas realizadas pela Diretoria do Norte da PJ, com o apoio de vários departamentos de investigação criminal e da Diretoria do Centro, no âmbito de um inquérito titulado pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Coimbra
A operação envolveu 200 elementos da Polícia Judiciária, entre inspetores, peritos informáticos, peritos financeiros e contabilísticos.
“Mediante atuação concertada de quadros dirigentes de empresa de transporte público, de grande implementação em território nacional com intervenção de ex-autarcas a título de consultores, beneficiando dos conhecimentos destes, terão sido influenciadas decisões a nível autárquico com favorecimento na celebração de contratos públicos de prestação de serviços de transporte, excluindo-se das regras de concorrência, atribuição de compensação financeira indevida e prejuízo para o erário público”, afirma a PJ, em comunicado a propósito deste caso.
Também no recrutamento de funcionários se terão verificado situações de favorecimento, ainda segundo a PJ.
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