Segundo um comunicado assinado pelas várias agências das Nações Unidas no México, citado pela agência espanhola Efe, é pedido às autoridades daquele país que investiguem, numa perspetiva dos direitos humanos e de género, o feminicídio de Ingrid Escamilla, no último fim de semana, que foi esquartejada pela pessoa com quem mantinha uma relação, na Cidade do México (capital do país).
A ONU exorta também o Governo a inquirir os órgãos de comunicação social mexicanos sobre a difusão de imagens do crime.
As Nações Unidas sublinharam que os media não deveriam divulgar conteúdos que possam apelar para a violência contra as mulheres, como, por exemplo, imagens explícitas dos corpos violentados, títulos de notícias que sugerem que a violência que as vítimas sofrem é culpa sua ou textos que justifiquem ou diminuam os atos criminosos.
“A difusão quotidiana de informação sem perspetiva de direitos humanos e de género contribui para a perpetuação dos estereótipos de género e para a normalização e justificação das diversas formas de violência que são exercidas contra milhões de mulheres, raparigas e adolescentes no México”, argumenta a ONU.
Segundo o Secretariado Executivo do Sistema Nacional de Segurança Pública do México, 10 mulheres são mortas por dia naquele país.
O homicídio de Escamilla provocou contestação nacional devido à violência do crime, uma vez que o companheiro da vítima esquartejou a mulher em frente ao filho e porque as imagens do crime foram difundidas em vários diários nacionais e media eletrónicos.
A Secretaria da Governação do México emitiu, entretanto, uma declaração na qual pediu aos diferentes órgãos de comunicação social que evitassem a difusão de conteúdos como este.
A decisão foi saudada pela ONU, que reiterou que “há um enquadramento jurídico nacional e internacional que obriga o Estado mexicano a elaborar estratégias para eliminar os estereótipos discriminatórios contra as mulheres nos meios de comunicação social”.
Vários ativistas convocaram hoje uma manifestação em frente ao Palácio Nacional, reivindicando ao Presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, a tomada de medidas contra a discriminação de género.
O chefe de Estado condenou o machismo enraizado na sociedade mexicana e prometeu “garantir a segurança das mulheres”.
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