A iniciativa, que foi apresentada num evento transmitido virtualmente, com o contributo de vários especialistas e dirigentes mundiais, propõe objetivos ambiciosos e abordagens inovadoras para enfrentar 20 doenças que afetam sobretudo os mais pobres e que prosperam em áreas onde o acesso a serviços de saúde de qualidade, água potável e saneamento é escasso.
Entre as metas definidas para até 2030, está a erradicação da dracunculose, conhecida como doença do verme-da-Guiné, e da bouba, e uma redução de 90% da necessidade de tratamento das DTN.
“Acabar com a negligência para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: um roteiro para as doenças tropicais negligenciadas 2021-2030″ é o nome deste novo roteiro da OMS.
Na sua mensagem, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, defendeu: “Se quisermos acabar com o flagelo das DTN precisamos urgentemente de fazer as coisas de forma diferente”.
“Isto significa injetar uma nova energia nos nossos esforços e trabalhar em conjunto em novas formas de conseguir a prevenção e o tratamento para todas estas doenças, para todos os que deles necessitam”, prosseguiu.
Concebido para abordar lacunas críticas, através de múltiplas doenças, o roteiro indica ações no âmbito dos sistemas nacionais de saúde, e entre setores, visando “colocar as pessoas em primeiro lugar”.
Para a diretora do Departamento de Controlo de Doenças Tropicais Negligenciadas da OMS, Mwelecele Ntuli Malecela referiu que é um trabalho que tem de ser “intersetorial na execução de programas para todas as 20 DTN e na promoção da equidade e da propriedade nacional”.
Para o conseguir, prosseguiu, “os programas têm de ser sustentáveis com resultados mensuráveis, apoiados por um financiamento nacional adequado”.
Desenvolvido através de um amplo processo consultivo que envolve países, parceiros, partes interessadas, a comunidade científica e o meio académico, o roteiro proporciona oportunidades para avaliar e ajustar as ações programáticas como e quando for necessário, durante a próxima década, estabelecendo objetivos e marcos claros.
Na sessão de apresentação do roteiro foram destacados os ganhos obtidos na última década, os quais resultaram em menos 600 milhões de pessoas em risco de DTN, com 42 países a eliminarem pelo menos uma DTN e alguns a derrotarem várias.
Os programas globais trataram mais de mil milhões de pessoas por ano durante cinco anos consecutivos, entre 2015 e 2019, recordou a OMS.
No entanto, “permanecem desafios significativos, incluindo as alterações climáticas, conflitos, ameaças zoonóticas e ambientais emergentes à saúde, bem como desigualdades contínuas no acesso a serviços de saúde, habitação adequada, água potável e saneamento”.
“Existem também grandes lacunas nos atuais pacotes de intervenção de diagnósticos, tratamentos e modelos de prestação de serviços”, alertou a OMS.
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