No seguimento do anúncio feito pelo Governo no final de janeiro, a Google explicou, através de resposta escrita enviada à agência Lusa, que em causa está “um novo centro de operações de fornecedores […] totalmente dedicado a fornecedores terceiros”, um ‘hub’ tecnológico, para a Europa, Médio Oriente e África, que arranca com cerca de 535 empregos qualificados.
Esta ida da Google para o parque empresarial Lagoas Park — que, segundo disse à Lusa o Ministério da Economia, não conta com “qualquer tipo de apoio ou contrapartida” — não foi “surpresa nenhuma” para o presidente deste município, Isaltino Morais.
“[Esta realidade] não é de agora. Atualmente, veio ao de cima devido a todo o mediatismo da instalação da vinda da Google aqui para o nosso território”, mas “Oeiras é hoje já o município com mais empresas desse género”, afirmou Isaltino Morais à Lusa, frisando que cerca de 30% da base tecnológica de Portugal está instalada aqui.
Notando que este é também o quarto município exportador do país, o autarca considerou ser “natural que uma empresa com determinadas características como a Google”, escolha Oeiras.
“Na realidade, seja o Lagoas Park, o Taguspark [ambos em Porto Salvo], a Quinta da Fonte [Paço de Arcos], o Arquiparque [Miraflores] ou o Parque Holanda [Carnaxide], há um conjunto de espaços de acolhimento das empresas que não são muito normais em Portugal porque são espaços ambientalmente harmoniosos, com pouco ruído”, sublinhou Isaltino Morais, referindo que estes parques empresariais “são espaços saudáveis do ponto de vista do trabalho”.
De acordo com o autarca, as empresas “escolhem onde se vão sentir melhor, onde têm melhores condições de acolhimento, melhores infraestruturas das telecomunicações”.
Ali estão instaladas há décadas empresas tecnológicas como a HP, a Cisco e a Colt, que já tornaram o concelho num “Oeiras Valley”, vincou o autarca, aludindo à região da Califórnia onde estão instaladas várias empresas de alta tecnologia.
“Uma vez instaladas, a tendência não é sair para outro município, a tendência é passar de um parque para outro se há necessidade de expansão física”, referiu.
Ainda assim, o responsável reconheceu que é necessário continuar a melhorar as condições do concelho, nomeadamente no que toca às infraestruturas.
Uma vez que “estamos a falar de empresas com pessoas e empregos muito exigentes, com um nível de exigência muito acima da média”, é necessário ultrapassar problemas como o da mobilidade, considerou.
“É aí que temos de atacar […] e as negociações que estamos a ter com a Brisa, com as Infraestruturas de Portugal e com a própria área metropolitana, vão no sentido de, gradualmente, criarmos melhores condições de mobilidade seja ao nível de novas rodovias, de intervenções para melhor fluidez de tráfico na A5 e na CREL, mas sobretudo no sentido de ter melhores condições de transporte”, elencou, falando ainda em “mais investimento na mobilidade em termos de carro elétrico e de bicicleta”.
Isaltino Morais recusou, contudo, que Oeiras concorra com outros municípios da Área Metropolitana de Lisboa, sendo antes “complementar”, razão pela qual podem ser feitas apostas conjuntas nesta área.
“Nós competimos, do ponto de vista de acolhimento de empresas multinacionais, é com Barcelona, Madrid e outras capitais da Europa”, concluiu.
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