Sim, convenhamos que a estação que devia estar no título é o inverno. É a que se encontra no título do último livro levado à estampa por John Steinbeck, que por sua vez foi se serviu da famosa citação que abre “Ricardo III”, peça de Shakespeare, “"agora é o inverno do nosso descontentamento / tornado em glorioso verão por este sol [ou filho] de York".
Mas a apropriação faz algum sentido. Vejamos: Hong Kong, Barcelona, Beirute e Santiago (sem esquecer os contínuos protestos na Argélia) Um pouco por todo o mundo, têm-se somado movimentos populares de reivindicação e contestação à autoridade.
É arriscado traçar grandes paralelos entre o que se está a passar nestas cidades (e áreas circundantes), já que os motivos que têm levado as pessoas às ruas diferem de caso para caso. Mas isso não quer dizer que não possam servir de inspiração para que outros movimentos se sucedam.
Como sempre, haverá alguém no futuro com a vantagem da perspetiva, capaz de tecer pontos de ligação (ou não) entre estes protestos, mas a verdade é que, nos últimos dias, não tem havido dia que passe sem que ouçamos de distúrbios de rua algures por este globo.
Por cá, o descontentamento tem sido forte, sim, mas para os lados de Alvalade, com a direção do Sporting e as suas claques de costas voltadas. Aos pedidos de demissão feitos pelos adeptos dos grupos organizados, Frederico Varandas respondeu com a retirada dos apoios à Juve Leo e ao Directivo Ultras XXI.
De resto, independentemente da continuidade de problemas e falhas de que o nosso estado padece, os tempos têm sido de relativa tranquilidade, tanto que amanhã a única ação de menção a decorrer por estas bandas é o encontro de António Costa com Marcelo Rebelo de Sousa pela manhã para o primeiro-ministro indicar os nomes dos secretários de Estado que vão integrar o próximo Governo.
De recordar que o Presidente da República tinha afirmado que esperava dar posse a todos os membros do XXII Governo (secretários de Estado incluídos) na próxima quarta-feira ao final da manhã, contando que a Assembleia da República se reunisse já na terça-feira. No entanto, um recurso apresentado pelo PSD ao Tribunal Constitucional relativo aos círculos da emigração deverá atrasar todo o processo.
De resto, outro motivo para estar bem atento amanhã é à divulgação da lista de nomeados para a Bola de Ouro France Football 2019. Depois de ter figurado no pódio do The Best, é quase certo que Cristiano Ronaldo volte a ser um dos concorrentes de peso ao prémio, o sexto da sua carreira se vier a vencer.
Por fim, três sugestões para esta segunda-feira:
- Se é fã da vertente mais orelhuda e acessível da música clássica, ainda há bilhetes para o concerto de Richard Clayderman. O pianista francês atua pela primeira vez em Portugal na comemoração dos seus 40 anos de carreira, no Coliseu de Lisboa;
- Falando em John Steinbeck, há outro famoso escritor norte-americano que importa recordar. Parte da “Beat Generation”, cuja influência continua a fazer-se sentir ao fim de mais de 60 anos, Jack Kerouac morreu a 21 de outubro. Amanhã é um excelente dia para pegar em “Pela Estrada Fora” e dar-lhe uma releitura, ou melhor ainda, estrear-se a lê-lo.
- Amanhã marca também 16 anos desde que o talentosíssimo Elliott Smith nos deixou. A sua folk sorumbática talvez não seja ao gosto de toda a gente — aviso: é música triste —, mas é uma boa banda-sonora para estes dias de outono que começam a dominar o quotidiano. Como recomendação, deixo o “Either/Or”, que até forneceu algumas canções à banda sonora de “Good Will Hunting” (“O Bom Rebelde”, por cá).
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