O agricultor Luís Dias, da Quinta das Amoras, em Idanha-a-Nova, revelou esta sexta-feira que interrompeu uma greve da fome que durava há 30 dias, junto à porta da residência oficial do primeiro-ministro, em São Bento, em Lisboa, onde se encontrava numa tenda.
O motivo? O secretário de Estado do primeiro-ministro prometeu empenho em resolver o diferendo com o Ministério da Agricultura.
Esta foi a primeira greve de fome?
Não. O proprietário agrícola já tinha estado em greve de fome em frente ao Palácio de Belém, em Lisboa, um protesto que durou cerca de 30 dias e terminou a 6 de junho de 2021, após receber a visita de apoiantes e de falar com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Na altura, o agricultor, de 49 anos, disse que se encontrava em greve “contra a indiferença destrutiva do Estado”, que alega ter prejudicado o seu projeto agrícola, declarando: “A mediação que queremos, é que deem razão seja a quem for, mas que aconteça em tempo útil, porque o tempo útil está a esgotar-se. São oito anos e uma quinta tem plantas que foram morrendo porque o tempo passa e se as coisas não são feitas, as coisas desaparecem e o investimento todo desaparece”.
O que levou a que esta segunda manifestação terminasse?
Hoje, numa mensagem publicada no Twitter, Luís Dias referiu que o secretário de Estado adjunto, Miguel Alves, se encontrou com ele e com Maria José Santos na tenda onde passara os últimos 30 dias em greve de fome, prometendo-lhe, com o conhecimento do primeiro-ministro, António Costa, que se empenhará pessoalmente em desbloquear a situação, tendo marcado uma reunião para a próxima segunda-feira.
Face ao “compromisso pessoal” do secretário de Estado e à “garantia de possibilidade de mediação” poder avançar, Luís Dias afirma que ele e Maria José Santos ficaram “sensibilizados com a visita” do governante e com a “promessa de celeridade de procedimentos”, pelo que, em “nome da esperança”, decidiu hoje interromper a greve de fome iniciada em 8 de setembro.
Quais os contratempos ao longo da greve de fome?
Desde que iniciou a greve de fome, o agricultor Luís Dias foi duas vezes hospitalizado, a última das quais na passada quinta-feira, tendo regressado ao protesto no jardim junto à residência oficial de António Costa.
Como pode ser o futuro para a Quinta das Amoras?
O agricultor diz acreditar que se alcance uma “solução mediada” para o diferendo, ou seja, encontrar “uma solução que permita reerguer” a Quinta das Amoras, onde ele e Maria José Santos empenharam todos os seus recursos, em parceria com o Estado, que financiou o projeto de desenvolvimento agrícola.
“Tudo o que queremos é voltar à normalidade e, se possível, à quinta, contribuindo para o desenvolvimento da nossa região”, salienta Luís Dias, agradecendo todo o “apoio e carinho” que recebeu das pessoas que, ao longo desta sua “infeliz saga”, o visitaram e assinaram uma petição ao Governo em defesa da solução mediada para o problema.
O que estava em causa na petição?
A petição, que juntou mais de 6.000 assinaturas, pedia ao primeiro-ministro que promova uma reunião com os agricultores em greve de fome, concretizando o processo de mediação pela Provedoria de Justiça.
No documento, os peticionários afirmavam que seguiam “com preocupação” a greve de fome promovida pelo agricultor Luís Dias.
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